Fevereiro 26 2007

Depois duma semana em que não trouxe novidades, eis me aqui! Eu sei que um blog não deve ser tão pouco actualizado mas acreditem que nem sempre é possível escrever. Este é o sétimo post dum mês já a acabar... é pouco, mas teve de ser.

Hoje, enquanto atravessava um centro comercial, passei por uma livraria e a montra convidou-me a entrar. Vendia mais revistas do que livros, mas mesmo assim consegui encontrar alguns que ando a sondar. Reparei em algo engraçado, embora de piada tenha pouco: Um dos livros que procurava custava pouco mais de 20 euros. Contudo, na livraria virtual onde normalmente compro custa 17 euros, e no site da editora custa apenas 15. Engraçado, não?

Mas não é sobre preços que escrevo hoje, se bem que sobre algo que também influencia o preço: prémios literários, mais propriamente o Man Booker Prize for Fiction 2006, ganho por Kiran Desai com o livro A Herança do Vazio.

Indiana, a viver também nos EUA e filha duma escritora três vezes nomeada para este prémio, Kiran tornou-se, com 35 anos, a mais nova mulher de sempre a vencer o Man Booker Prize, um dos mais importantes galardões literários da língua inglesa, graças a este seu segundo romance.

Com ele viajamos até ao nordeste dos Himalaias, onde encontraremos um velho juiz amargurado, Jemubhai, que apenas quer reformar-se e viver em paz com a sua amada cadela. Para abalar o seu sossego chega a neta órfã, Sai, obrigando-o a remexer nas suas memórias e a repensar os seus ideais.

Tudo isto se acentuará com o romance entre Sai e Gyan, o seu explicador de matemática, um nepalês que se envolve numa revolta que alterará a vida de Jemubhai. A contrastar com a sua busca pela paz, a vida do filho do seu cozinheiro, Biju, é uma verdadeira aventura em Nova Iorque, onde anda à procura de emprego, numa fuga constante aos Serviços de Imigração. Julgando que o filho leva uma vida boa e que acabará por vir buscá-lo para junto dele, o cozinheiro vai arrastando os seus dias.

Neste romance, a vida de cada personagem fala por si, mas ao mesmo tempo cruza-se e completa-se como “uma tapeçaria em que todas as personagens partilham uma herança comum de impotência e humilhação”.

A autora retrata temas tão actuais como a globalização, o colonialismo, o racismo, o abismo entre pobres e ricos e a imigração, e tudo isto forma uma exótica história narrada através duma rica e completa escrita.

Ao vencedor deste prémio é assegurada grande fama internacional, muito provavelmente seguida de grandes vendas da obra premiada.

Eu, sinceramente, fiquei estranhamente intrigado em relação a este título. Todo este exotismo e complexidade parece fluir tão calmamente... um livro ideal para umas férias tranquilas, diria eu.

A Herança do Vazio de Kiran Desai

Até breve e Boas Leituras!!!

Publicado por Fábio J. às 21:56

Fevereiro 20 2007

São as mini férias, é o Carnaval, é o esganiçar duma flauta tocada atrás de mim... já parou. Como podem perceber estou bem disposto, pois só tenho razões para isso (esquecendo uma incómoda constipação natural). Para além disso ando a ler Tolkien, e que posso mais pedir, a nível literário, para além das fantásticas histórias de Tolkien? Muito pouco.

Depois de me ocupar com a Introdução, onde muito é contado acerca do propósito e problemas da publicação da obra, bem como da forma como foi possível realiza-la e onde me apercebi, ainda mais, da complexidade do mundo criado pelo mestre, aventurei-me no primeiro conto destes Contos Inacabados de Númenor e da Terra Média: De Tuor e Da Sua Chegada a Gondolin.

Quando li a Introdução fiquei com a sensação que estaria a cometer um grande erro ao ler esta obra, tudo porque é lá referido (e também porque já me apercebi disso) que é necessário ter pelo menos um conhecimento geral, mas ao mesmo tempo global, de toda a obra publicada de Tolkien. Pois bem, eu ainda só li O Silmarillion, e os filmes não são propriamente ricos em pormenores. Este conto deriva do já publicado no Silmarillion acerca de Tuor, portanto não senti os problemas, mas poderei tê-los mais para a frente, nomeadamente nas narrações da Terceira Era.

Tuor é desde cedo criado por elfos e mesmo não sendo um deles, em muito se assemelha. Sem pai e sem mãe, e com o fim do povo de Hithlum, Tuor passa a viver como um fora da lei, combatendo Orcs e Easterlings. Até que um dia as forças de Ulmo se manifestam e ele, que já sonhava encontrar Gondolin, o reino escondido, decide partir. Seguindo o destino descobre as armas à muito deixadas para si, e encontra-se com o próprio Ulmo, o Senhor das Águas.

A partir daqui segue-se a sua atribulada viagem em busca de Gondolin, e por fim a sua chegada. Pouco mais é narrado a partir daqui, pois segundo o que diz Christopher, a partir daqui apenas se seguem algumas anotações... anotações que o filho de Tolkien inclui na obra.

Gostava de ter conhecido o fim da história pelas palavras de Tolkien, mas sendo contos inacabados acho que já me posso dar por contente por toda a viagem ser narrada. E também por ser um texto completo e sem partes escritas por Christopher, como mais à frente acontece.

Em resumo posso dizer que gostei bastante deste conto. É o aprofundar daquilo que já conhecia do Silmarillion, mas não deixou de ser uma surpresa, um descobrir maravilhado.

A seguir segue-se A história dos filhos de Húrin, aquela que irá ser apresentada no livro a sair em breve Os Filhos de Húrin. Tem umas 100 páginas, este conto, e estou bastante curioso por poder aprofundar esta história, também já referida no Silmarillion.

Por falar em “sair em breve”: segundo Robert Shaye, da New Line, teremos a adaptação cinematográfica de O Hobbit disponível em 2009, mesmo ainda não havendo realizador. É esperar para ver.

Publicado por Fábio J. às 21:51

Fevereiro 17 2007

Não costumo ver televisão pois o tempo é usado noutras tarefas, mas tenho por hábito, depois do almoço aos fins-de-semana, debruçar-me um pouco sobre os programas apresentados. A dois: oferece semanalmente uma viagem pelo mundo das artes com o Câmara Clara, exibido na sexta e repetido no Sábado. Por vezes, quando a conversa é interessante, observo a tertúlia, nomeadamente quando o tema é o literário.

Hoje, dentre a grande gama de informação interessante houve uma mais insubmissa: um dos convidados destacou a quase sempre trivial e pouco intensa escrita feminina. Não vou aprofundar nem debater o tema mas sim apresentar uma escritora que destroça esta ideia: Ursula Le Guin.

Acabei ontem de ler Os Túmulos de Atuan e, embora o tenha feito duma forma demasiadamente lenta e fragmentada, não deixei de me sentir preso à história, ansioso e simultaneamente receoso de a viver. Tal como em O Feiticeiro e a Sombra, esta autora demonstrou a profundidade das suas palavras, a beleza das suas mensagens metafóricas e o poder das suas personagens.

Nesta história caminhamos com Tenar, uma criança que cedo é separada da sua família e da sua identidade e entregue Àqueles-que-não-têm-nome, ou seja, às forças obscuras dos Túmulos de Atuan. Sendo Arha, a sempre renascida Grã-Sacerdotisa, tem como missão cuidar dos Túmulos e prestar-lhes culto, até à morte do seu corpo. A sua vida não tem mais nenhum propósito para além deste, e Arha cresce querendo apenas servir os seus senhores. Até que um dia percebe que a sua fé é apenas isso, fé, e não o seu destino.

Tentando recuperar a metade à muito perdida do famoso Anel de Erreth-Akbe, Gued, o já conhecido jovem feiticeiro, desloca-se até aos Túmulos e cruza-se com Tenar: o destino desta mudara. Usando toda a sua prepotência socializa com o feiticeiro e percebe que existe uma vasto mundo para além do que ela conhece: um mundo livre.

Intenso e profundo, este é um livro duma beleza extrema. A apresentação do verdadeiro e intenso sentido da liberdade é um ponto forte, mas a coragem e a narração duma fé falsa e absurda também conseguem espantar.

Um segundo volume original e criativo que vem dar mais credibilidade a este intrigante Ciclo de Terramar. Resta-me continuar a ler a saga e assim aventurar-me por mais histórias magníficas.

Os Túmulos de Atuan de Ursula K. Le Guin

Bom fim-de-semana e Carnaval e, claro, Boas e Fantásticas Leituras!!!

Publicado por Fábio J. às 21:25

Fevereiro 14 2007

Um dia destes pus-me a olhar para os livros que li nos últimos tempos. Consequentemente lembrei-me do blog e dos livros que só conheci aqui, das opiniões que li e daquelas que dei, do mundo em que me embrenhei e do qual não pretendo mais sair. Já não consigo imaginar a minha vida sem livros e isso tem-se reflectido nas minhas acções.

Hoje, durante um almoço, vi-me a discutir Eldest com um colega! Por acaso não fui eu a tocar no assunto, mas depois de lançado o tema fluiu e as teorias e conspirações rolaram sobre mortes, mistérios e personagens. Depois de algum tempo em que fomos olhados com desinteresse, mudamos de assunto e misturamo-nos na conversa geral.

Isto, de certa forma, demonstra também o impacto que a Trilogia da Herança criou no género fantástico. Paolini é já um ponto de referência, qual mestre Tolkien. Que o diga Cátia Palha, autora de A Era das Brumas – Os Nogmas, o seu primeiro livro. Tem uma premissa bastante sugestiva: “Na tradição de O Senhor dos Anéis. Tão moderno quanto Eragon. A revelação portuguesa do ano. O melhor da alta fantasia!”. Interpretem como quiserem, mas eu prefiro acreditar que não é apenas uma jogada de marketing.

A história passa-se num planeta distante habitado por inúmeras tribos. No meio dum verdejante e grande oceano existe uma ilha chamada Amö’marh, onde habita o povo Nogma, um povo constituído por seres etéreos e misteriosos. Este povo zela pela paz em Yêmanenphizz, mas nem sempre é fácil.

Para combater esta paz existe (como é tradicional no género) um Senhor do Mal que habita nas trevas. Dwr é o seu nome. A acção começa quando este apodera-se de uma cria num baptismo de sangue que mudará para todo o sempre os destinos do mundo.

Assass, líder de parte do povo Nogma, atende a um chamamento superior e inicia uma cruzada para salvar a pequena cria.

A cria terá de ser resgatada do jugo de Dwr, pois negros presságios assolam o planeta Yêmanenphizz.

Para saber mais é necessário ler a história, e como acredito que estas 508 páginas serão mais do que simples entretenimento pretendo ler a obra. Não quero com isto dizer que serão como palavras de Tolkien, ou que têm o enredo de Paolini, mas qualidade também deve existir. A ver vamos...

Despeço-me, mas não sem antes desejar um resto de bom Dia dos Namorados, repleto de amor, tanto para quem já tem com quem o partilhar como para quem ainda o procura.

A Era das Brumas - Os Nogmas de Cátia Palha

Até breve e Boas Leituras.

Publicado por Fábio J. às 20:07

Fevereiro 10 2007

Estava eu a jogar on-line e eis que fiquei desconectado do servidor... ainda bem! Digo isto pois aproveitei para ir visitar uns sites que há algum tempo não visitava e gostei do que vi e li. Mais tarde poderei referir uma segunda informação, mas para já fico pela nova obra de Tolkien.

Há alguns meses atrás comentei uma notícia sobre o lançamento duma obra póstuma de Tolkien, editada pelo filho Chistopher Tolkien: The Children of Hurin. Pois bem, existem desenvolvimentos.

Esta obra, iniciada pelo mestre em 1918 e concluída, depois da sua morte, pelo filho, ao longo de 30 anos, já tem data de lançamento bem como capa oficial. Haverá uma edição normal, a custar cerca de 28 euros, e uma dita de luxo, a custar aproximadamente 90 euros, com vários mimos para os fás como, por exemplo, impressão em papel de alta qualidade e ilustrações, e possuirá mais algumas coisas exclusivas a esta edição.

Será lançado em Inglaterra a 17 de Abril deste ano e possivelmente também, na mesma data, nos Estados Unidos e em Portugal. A editorial Europa-América, responsável pela publicação das obras de Tolkien em Portugal, já fez saber que fará os possíveis para ter a versão portuguesa nas bancas simultaneamente com a versão original.

Alan Lee, um fá e reconhecido ilustrador da obra tolkiana, que colaborou com Peter Jackson nos filmes O Senhor dos Anéis, já deu por finalizada a capa da versão inglesa e o “selo” desta obra e, portanto, é já possível visualizar a sua ilustração. Refiro ainda que a primeira capa divulgada foi a da versão holandesa, também ilustrada por Alan Lee.

Já foram publicados excertos da obra, nomeadamente em Contos Inacabados, mas só agora será dada a conhecer na íntegra. A obra narra o início e o final trágico dos filhos de Hurin, apresentado grande parte das personagens já conhecidas nas outras obras de Tolkien, desde homens a elfos, bem como seres sobrenaturais.

É já considerada um dos grandes best-sellers de 2007! Esperemos para ver... eu, pelos menos, quero acompanhar este lançamento e, se possível, ler a obra.

Capa da versão inglesa de The Children of Hurin

Até breve e Boas Leituras!!!

Publicado por Fábio J. às 19:00

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