Março 31 2007
Nunca na minha vida tive a sensação de que o tempo passasse tão depressa. Hoje acaba Março. Já lá vão três meses. Passou depressa! Sério! Mal notei. Acho que isto são sintomas da idade... estou a ficar velho.
Este Sábado foi o dia em que acordei mais cedo, desde o começo das férias. E porquê? Compras! Não é algo que adore, mas por vezes pode ser uma actividade interessante. Numa das lojas que visitei (ir às compras tem, para mim, de incluir uma visita a um local onde se vendam livros) duas funcionárias estavam a reorganizar os livros. A certa altura, uma delas espetou com um monte de livro no chão. Pensam que se importou? Nada disso. Deixou-os ficar lá, estendidos, com as capas dobradas e a servir de tapete. Não há respeito pelas obras! São arte e fruto do trabalho de alguém! Enfim...
Mas hoje não vos venho falar destes “frutos” em geral, mas sim dum que me especial prazer saborear. É ele O Hobbit, fruto do trabalho e da grandiosa mestria de Tolkien. E que mestria! Se me tinha encantado com o que li em O Silmarillion e em Contos Inacabados, neste livro apenas posso dizer que fiquei duplamente encantado, maravilhado até.
Esta é a primeira obra não póstuma de Tolkien que leio. Talvez muitos dos meus adjectivos se devam a isso, ao facto desta obra ser particularmente pensada para ser publicada. O certo é que descobri uma escrita muito mais intimista, muito mais artística e, de certo modo, mais interessante e aprazível do que as restantes obras.
Tal como devem calcular ou saber, esta obra fala-nos dum hobbit. Mas não dum hobbit qualquer, Bilbo Baggins é o seu nome. Este pequeno ser não gostava de aventuras. Preferia ficar sentado no seu buraco, perto da lareira, a fazer anéis com o seu cachimbo ou a comer. No entanto, um dia, entra relutantemente numa aventura que o iria marcar e mudar a história duma terra. E é essa aventura que a obra narra.
Conduzido por Gandalf, o já conhecido feiticeiro, e acompanhado por treze anões, este velho hobbit embarca numa aventura que o fará cruzar-se com trolls, gnomos, águias e aranhas falantes, elfos, estranhos homens e mesmo um dragão, mas aqui só incluo algumas.
Percorrendo caminhos sinuosos e sombrios, o hobbit revela coragem e sabedoria, mesmo para sua própria surpresa. Sem ele, o grupo dos complexos anões não teria durado muito tempo, e esta história pura e simplesmente não teria sentido.
Momentos como as conversas com Smaug, o dragão, e Sméagol, o corrompido, são únicos, mas é a perspicácia de Bilbo em se desembaraçar dos problemas, muitas vezes com a ajuda do anel um, entretanto encontrado, que nos faz suster a respiração e louvar a magnificência da obra.
Ao contrário das outras obras que referi, nesta os elfos e a mitologia tolkiana em si não têm grande importância. É uma obra que serve perfeitamente como primeira abordagem ao mundo do mestre. Refere Elrond, Gandalf, o Anel um, as diferentes raças e os locais habituais, no entanto é contado duma forma muito mais leve, menos dependente do restante.
É uma obra fantástica que recomendo vivamente. Não precisam de ter lido Tolkien, de gostar de fantasia ou ser leitores assíduos. Esta obra ultrapassa qualquer barreira, e embora possa estar escrita duma maneira mais infantil, a mestria e a beleza são os pontos reinantes.
Momentos de riso, raiva, pasmo ou até medo e tristeza, esta obra transporta-nos através duma tempestade, num barco à leva.

O Hobbit de J. R. R. Tolkien

Bom fim-de-semana e Boas Leituras!
Publicado por Fábio J. às 23:05
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Março 29 2007
Ando há muito tempo para publicar sobre um livro, mas hoje também não será o dia pois, como provavelmente já sabem, as imagens que servirão de capas às versões inglesa e americana de Harry Potter and the Deathly Hallows foram divulgadas e não resisto a comentar.
A Bloomsbury, editora inglesa, divulgou as imagens que servirão de capa à versão infantil e adulta do livro em Inglaterra. Existem pormenores interessantes.
A infantil apresenta os três heróis e, provavelmente, Dobby, o elfo doméstico. É de salientar ser este elfo doméstico a segurar uma espada, bem por trás das costas de Harry (será a espada de Gryffindor?). Para além disso, o trio apresenta marcas de ter participado numa luta, devido aos arranhões e roupa rasgada. Outro ponto a salientar é o facto de estarem os 4 a entrar numa “sala do tesouro”, e pelas caras de terror (repare-se em Ron) não gostaram muito do que viram. Intrigante! Os 4, uma espada, uma sala com tesouros não se sabe onde... Nota ainda para a contracapa: Hogwarts.
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A versão para adultos apresenta, na capa, uma foto do medalhão de Slytherin, objecto que poderá ter uma importância significativa nesta obra.
Publicado por Fábio J. às 19:16

Março 27 2007

Começar um post é sempre algo intrigante para mim. Não sei se hei de começar duma forma directa, se com uma saudação ou até se duma forma mais original... Hoje comecei assim, amanhã encontrar-me-ei novamente com esta questão.

Hoje é o Dia Mundial do Teatro, e porque a dramaturgia não é mais do que a Literatura em movimento, este dia não podia deixar de ser assinalado neste blog.

Quantos de nós não leram já uma peça de teatro como se dum romance se tratasse? Eu já li e certamente muitos de vós. É lógico que não se lê um drama como se lê um romance... são coisas diferentes e não devem ser tratadas como iguais. Aliás, penso que o comum dos leitores não investe muito do seu tempo a ler uma peça de teatro. Se encontrar algum charme especial neste género literário provavelmente irá frequentemente ao Teatro, enquanto espectáculo, e apreciará a obra olhando para o palco, ao invés de olhar para o livro.

Mas existem leitores que têm um gosto especial pois, como dizem não gostar de ler (ou não gostam mesmo), quando são forçados a ler algo escolhem uma teça de teatro. É menos maçador, dizem eles, e lê-se mais depressa. Não hajam dúvidas de que a ausência de descrições e narrações dá à obra uma objectividade e clareza únicas, mas penso que é muito melhor apreciar cada descrição e viver as narrações como se fossemos nós as personagens.

Mas este dia serve para assinalar o teatro de palco e não o de livro. Refere-se ao espectáculo, à vida que nele encontramos. E é essa a grande magia do teatro, feita pelos actores! Pegar num simples papel, em simples palavras e dar-lhes alma, dar-lhes vida, dar-lhes cor. Haverá algo tão especial?

O teatro permite ao comum dos mortais fazer algo fantástico: ser outras pessoas! E sabe tão bem encarnar a personagem e viver outra vida que não a nossa! É como brincar, mesmo sendo adulto, e embora o profissionalismo também seja algo importante, não o é menos o facto de ter de haver paixão para se trabalhar em teatro.

O Teatro é uma arte de que pouco usufruo, mas reconheço o seu valor e acho fantástico faze-la.

Vivam o teatro e viva o teatro!

Publicado por Fábio J. às 20:35
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Março 26 2007

É incrível como o tempo que dedicamos ao lazer passa depressa. Daqui a pouco já é noite, mas tenho como compensação o facto das férias continuarem nos próximos dia. É essa a palavra: Férias!

Não vou continuar a falar da minha sorte, pois sei que há quem não tenha a mesma. Mas é que o post de hoje é comemorativo, por sorte é certo, mas comemorativo. Por puro acaso reparei ontem que este, este mesmo, é o centésimo post que publico aqui no blog. Não vou abrir uma garrafa do meu melhor vinho ou decorar a casa com balões e muito menos mandar encher os céus de fogo de artifício. Vou apenas assinalar este número indicando os que, para mim, são os 10 posts mais representativos do blog.

Não será um best of pois acho que não devo ser eu a dizer quais os melhores (se os houver), será antes uma lista dos 10 posts que me parecem mais indicadores do que este blog faz e do que é, qual cartão de visitas. Será também um indicador da evolução da minha escrita (se a houver também) já que estará por ordem de publicação. Enfim, será o que acharem que é.

Primeira leitura

Simplesmente... O Código de Saunière

Mortes!!!

Luzes, câmaras... acçâo!!!

Bibliófilo, com muito gosto!

Só lê quem quer!

Fantástico

O Silmarillion

A Última Feiticeira

17 de Abril

Saliento o facto de, nesta lista não constar um único post dos ditos “inquéritos” uma vez que estes post têm, por si só, um carácter mais erudito e artístico, estando escritos, a maioria, em género de crónica pessoal. São, regra geral, os meus preferidos e como já têm lugar especial no blog (através da lista de links) não achei oportuno coloca-los.

Foi uma forma simbólica de assinalar este centésimo post. Espero, agora, poder vir a fazer, daqui a cem posts, uma lista com 20 posts interessantes, de preferência mais do que estes.

Da minha parte prometo continuar a dedicar algum do meu tempo a este blog e tentar fazer dele algo melhor do que é. Porque acredito que um blog sobre livro também tem o seu interesse, continuarei por cá até quando me parecer digno e enquanto puder.

Não posso, contudo, acabar este post sem agradecer a todos aqueles que por aqui passaram e que deram sentido a esta centena de textos.

A todos vós um muito obrigado e, como não podia deixar de ser, Até Breve e Boas Leituras!

Ler é o maior pilar na construção duma personalidade, por isso lê! Um blog sobre livros e afins sempre pronto para dar vida à literatura.

Publicado por Fábio J. às 19:28
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Março 22 2007

E porque ainda se respira poesia, graças ao dia de ontem, deixo-vos aqui um poema que nunca me canso de ler. Pode não ser o com maior expressividade ou o mais erudito, mas é, para mim, imensamente belo.

Já não têm desculpa para não lerem um poema...

___________________________
 

Viver sempre também cansa.

 

O sol é sempre o mesmo e o céu azul

ora é azul, nitidamente azul,

ora é cinzento, negro, quase-verde...

Mas nunca tem a cor inesperada.

 

O mundo não se modifica.

As árvores dão flores,

folhas, frutos e pássaros

como máquinas verdes.

 

As paisagens também não se transformam.

Não cai neve vermelha,

não há flores que voem,

a lua não tem olhos

e ninguém vai pintar olhos à lua.

 

Tudo é igual, mecânico e exacto.

 

Ainda por cima os homens são os homens.

Soluçam, bebem, riem e digerem

sem imaginação.

 

E há bairros miseráveis sempre os mesmos,

discursos de Mussolini,

guerras, orgulhos em transe,

automóveis de corrida...

 

E obrigam-me a viver até à Morte!

 

Pois não era mais humano

morrer por um bocadinho,

de vez em quando,

e recomeçar depois,

achando tudo mais novo?

 

Ah! se eu pudesse suicidar-me por seis meses,

morrer em cima dum divã

com a cabeça sobre uma almofada,

confiante e sereno por saber

que tu velavas, meu amor do Norte.

 

Quando viessem perguntar por mim,

havias de dizer com teu sorriso

onde arde um coração em melodia:

"Matou-se esta manhã.

Agora não o vou ressuscitar

por uma bagatela."

 

E virias depois, suavemente,

velar por mim, subtil e cuidadosa,

pé ante pé, não fosses acordar

a Morte ainda menina no meu colo...

José Gomes Ferreira, Militante

Publicado por Fábio J. às 14:00

Um blog sobre livros e afins. A descongelar lentamente...
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