Janeiro 28 2008
Tal como aqui tinha anunciado, foram apresentados na passada sexta-feira os resultados preliminares dum estudo encomendado pelo Ministério da Cultura que tinha como objectivo avaliar e concluir qual o volume de negócios no sector do livro em Portugal.
Conclusões: poucas, já que, embora com números um tanto ou quanto reveladores, continua a não haver uma verdadeira caracterização da área, com dados fiéis ao real, entre os quais continua a haver espaço para a especulação. Os responsáveis remetem para a segunda fase do estudo que, aparentemente, será mais reveladora.
De qualquer forma, o estudo afirma que o volume de negócios terá atingido 530 milhões de euros em 2006 e que, por ano são editados em Portugal, em média, 10000 títulos, correspondendo a maior parte (34,6) à literatura, linguística e língua. De acordo com o responsável pela equipa, José Soares Neves, globalmente, os investigadores detectaram, ainda como aspectos negativos no sector, a falta de conhecimento e formação profissional nas pessoas que trabalham na rede livreira.
A investigação revela ainda “que existe uma fragilidade financeira de editores de pequena e média dimensão, elevadas margens cobradas pelas distribuidoras aos editores, e que a existência de duas associações no sector dificulta a concertação de interesses do meio. Como aspectos positivos do mercado, destacaram a diversidade da oferta editorial, a entrada do capital financeiro no sector da edição, empresas cada vez mais profissionalizadas na gestão, reforço das acções de promoção e marketing, projecção internacional dos autores portugueses, a adequação às novas tecnologias e a importância da venda. (...) Ainda como situações que colocam em perigo o mercado assinalaram os baixos índices de hábitos de leitura da população portuguesa comparativamente a outros países, e a fotocópia de livros, em particular de livros técnicos.”
Resumidamente, há quem diga que afinal este mercado está longe de qualquer fragilidade e que é hora de trata-lo como qualquer outro sector de negócios. Por seu turno, o estudo vem revelar que a rede livreira tradicional é débil e que existe falta de formação profissional na área, ou seja, que há ainda muito a melhorar.
Resta esperar pela segunda fase do estudo e fazer uma reflexão sobre a forma como realmente devemos encarar este sector.
Publicado por Fábio J. às 23:22

Janeiro 24 2008
Muito se tem especulado, inclusive aqui neste blog, sobre o valor do sector literário, não a nível cultural ou social, mas a nível financeiro. Estratégia, marketing, zelo profissional, enfim, são várias as causas possíveis para o silêncio das editoras no que toca aos números, sejam eles lucros ou vendas. No entanto, esta tendência parece estar a mudar. Será apresentado, amanhã na Biblioteca Nacional, o “mais exaustivo inquérito ao sector do livro”, encomendado pelo Ministério da Cultura e realizado por oito investigadores ao longo do último ano. Este estudo fará um levantamento das tiragens dos livros, postos de trabalho do sector e adaptação às novas tecnologias. A ver vamos se é desta que fica esclarecido o quão frágil (ou não!) é este sector.
Um dos escritores que certamente passa ao lado de qualquer possível (ou imaginária?) crise do sector é José Rodrigues dos Santos, o popularmente conhecido jornalista português. Há muito namorava a obra que o consagrou como escritor de best-sellers: O Codex 632.
As expectativas eram muitas mas, embora não decepcionante, a obra revelou-se aquém dos vários elogios a ela atribuídos e, verdade seja dita, do que seria de esperar dum livro tão vendido. Não, não o achei mau... simplesmente acho que podia ser melhor.
Há quem apelide o autor de “Dan Brown português”, eu próprio já o fiz e volto a faze-lo, com uma excepção: ambos especulam, ambos baseiam-se em factos e dados incertos, ambos apresentam uma escrita simples, mas José Rodrigues dos Santos brilha e estimula menos.
Como grande apreciador de História Mundial, uma nova teoria sobre a origem de Cristóvão Colombo não podia deixar de parecer mais interessante. Usando Tomás Noronha como um peão num tabuleiro de xadrez, o autor desenvolve uma tese credível mas pouco clara e muito repetitiva sobre a origem do descobridor da América. Conseguiu convencer-me, e até maravilhar-me com tais especulações e factos, mas a maneira como o faz pareceu-me pouco inteligível. Tantas referências, tantas datas, tantos excertos naquela e na outra língua, contribuíam para a confusão. E as descobertas, raramente partilhadas com o leitor, apenas lhe são apresentadas quando o protagonista as compreendeu, fazendo desta tentativa de criar expectativa uma barreira ao entusiasmo.
Paralelamente, acompanhamos a vida familiar do protagonista. E se por um lado esta história secundária dá um novo ritmo à obra, por outro parece-me bastante hiperbolizada. A verdade é que, se inicialmente pouco interesse lhe atribuía, à medida que as páginas iam sendo viradas este enredo começou a chamar-me a atenção, culminando num desenlace emotivo. No fundo, esta sub história serviu de bóia de salvamento a outra principal que apresenta um desfecho pouco animador, apesar de original.
Resumindo: A teoria acerca do descobridor é convincente e bem fundamentada, embora apresentada duma forma um pouco mal adequada a um romance. Apesar das minhas críticas, gostei do livro e pretendo ler os restantes da “trilogia Tomás Noronha”, embora não o vá adicionar à minha lista de favoritos. Por outro lado, a obra serviu para estimular o meu interesse sobre romances que especulam a História da época dos Descobrimentos, uma área bastante desenvolvida na nossa literatura.

O Codex 632 de José Rodrigues dos Santos
Boas Leituras!!!
Publicado por Fábio J. às 23:03

Janeiro 20 2008
Não tenho tido possibilidade de actualizar o blog, como bem se vê. Mas o universo dos livros não pára e são muitas as novidades que agora poderia comentar.
Para além dos prémios e distinções que vêm sido atribuídas desde o final do passado ano, das quais destaco os múltiplos prémios arrecadados pelo poeta Amadeu Baptista, salientando-se o recente Prémio Internacional de Poesia Palavra Ibérica, houve novidades, como o título do terceiro livro do Ciclo da Herança, Brisingr, e alguns lançamentos interessantes.
Mas neste post pretendo divulgar uma obra há já algum tempo lançada. Trata-se de Avatar – Destino do Universo, de Frederico Duarte, um jovem que se inicia agora no mundo dos livros, tornando-se numa nova referência da Fantasia nacional.
Sendo o primeiro livro publicado do autor e editado pela Metaphora, uma chancela da Nova Gaia, editora que iniciou a publicação deste género de obras com a série Anders, já aqui comentada, Avatar – Destino do Universo pretende ser o início duma nova série de fantasia nacional. E, para isso, o autor recorre à eterna luta do bem contra o mal, construindo um universo no qual criaturas fabulosas, espécies híbridas e seres humanos se enfrentam, procurando o domínio supremo.
Baseando-me na sinopse, a obra apresenta-nos um “lugar onde vida e morte se fundem; onde a Terra deixou raízes e granjeou sementes; onde a magia dita a realidade; onde a matéria se prolonga no plano espiritual; onde o equilíbrio nasce da instabilidade dos quatro elementos da Natureza”. E é neste contexto que surge o herói, uma jovem universitária de Lisboa, Alexis, do qual depende um mundo “onde magia e criaturas míticas imperam e onde uma grande ameaça reina”.
Assim começa esta saga, empenhada em levar-nos até ao seu maravilhoso mundo, na companhia da heroína e de muitas criaturas fantásticas, presas pelo destino ao conflito daquele universo paralelo.
O livro não se encontra catalogado em várias livrarias virtuais, mas é possível comprá-lo directamente no site da editora e descobrir mas sobre ele no blog oficial, editado pelo autor, que assina como Skystorm, visitante regular aqui d’Os Livros.
À primeira vista confesso que este me pareceu apenas mais um entre tantos livros de fantasia que são editados, mas acabei por me convencer e hoje deposito muitas expectativas nesta obra, que acredito ser bem escrita e fruto duma grande criatividade. Por isso mesmo, já está na minha lista.

Avatar - Destino do Universo de Frederico Duarte
Boa semana. Boas Leituras.
Publicado por Fábio J. às 23:16

Janeiro 09 2008
Em breve terão passado seis meses sobre o fim da saga; dois, se atendermos à tradução portuguesa. Para mim, apenas acabou ontem, embora ainda agora sinta que aquele mundo mágico me rodeia.
Este é o primeiro Harry Potter que aqui comento e certamente será o último. Não é fácil escrever sobre uma história conhecida por todos, lida por muitos, amada por tantos, odiada por alguns. Muito há a dizer, seja para criticar ou para enaltecer, contudo, limitar-me-ei a uma opinião rápida, sem spoilers mas com pequenos apontamentos da estrutura da narrativa.
Considero-me um fã da saga ou, pelo menos, um leitor que gosta (ou será gostou?) bastante de a acompanhar, mas não corri a uma livraria no dia de lançamento. Embora curioso, esperei pelo melhor momento. Tinha expectativas, confesso que não muito elevadas e, embora sem as superar, não as vi injustificadas.
Desde logo pareceu-me que a autora estava ansiosa para alcançar o final, tal era a pouca preocupação com os pormenores; mas, a meu ver, o que marca a primeira parte do livro é, paradoxalmente, a superficialidade da narrativa e a perda de tempo em situações dispensáveis. Para além disto, numa aparente tentativa de causar impacto, a autora começa por apontar os defeitos das principais personagens, vindo mais tarde contrapô-los com as suas virtudes, como que a desculpa-las.
No entanto, a certa altura a narrativa parece ganhar um novo ritmo, passando a desenvolver-se à boa maneira que a autora habituou os seus leitores. A criticar tenho ainda o facto de, embora sem Albus Dumbledore, Harry Potter continuar a ser totalmente dependente de outros. A quem leu, sugiro que imagine uma história em que ninguém ajudava o protagonista na sua tarefa... não seria a mesma história! Mas este não é um ponto grave, embora seja um pouco lamentável.
De qualquer forma, é impossível ficar indiferente ao mundo mágico descrito. No meu entender, acaba por ser o contexto já habitual da saga, explorado de forma sumptuosa nas últimas 150 páginas da obra, que lhe dá viva, e não tanto as revelações, as surpresas e as descobertas que, muitas vezes, não passaram de confirmações, tal foi a especulação que antecedeu o lançamento do sétimo livro. Aliás, a forma como a maioria das descobertas é feita acaba por ser muito forçada, já que de “ignorância total” o protagonista passa a “conhecimento total”, assim, sem mais nem menos.
Apesar de tudo, gostei da forma como a história foi terminada. A autora arriscou, ficando na berma do ridículo, mas não caiu e consegui levar a obra a um final digno da saga e digno de Harry Potter.
Ao contrário de muitos, não lamento a pouca informação acerca do futuro das personagens secundárias. J. K. Rowling tinha uma história para contar, uma história que era tanto de Harry Potter como de Voldemort, e fê-lo de forma incrível ao longo de sete livros criativos e mágicos que culminam num duelo ímpar, síntese de toda a batalha entre o bem e o mal. Este sétimo livro não me pareceu perfeito, nem sequer incrível, mas conseguiu justificar muito bem os elogios atribuídos a toda a saga, apresentando um final que não desilude mas antes reconforta, já por si um exemplo difícil de encontrar.
As primeiras palavras que pronunciei, num murmúrio, quando olhei para a capa do livro, depois de o terminar e ter fechado foram “que horror, nunca mais vou ler um Harry Potter!” Talvez seja verdade, mas embora seja uma certeza pouco reconfortante, sei que a memória dos momentos de leitura desta saga se vão manter, e que a magia e imaginação podem continuar para além das páginas desta história agora terminada. Mais do que um nome ou uma marca, hoje, para mim, Harry Potter é um símbolo de sonhos e imaginação, símbolo de que no nosso mundo tortuosamente real, ainda podem existir refúgios de magia.

Harry Potter e os Talismãs da Morte de J. K. Rowling
Mágicas Leituras!
Publicado por Fábio J. às 23:48

Janeiro 05 2008
No início dum novo ano pedem-se desejos, fazem-se promessas, reforçam-se convicções. Mas apesar de todos estes conselhos ao destino, a maioria das palavras ditas não chega a passar disso, e os acontecimentos, os actos e as mudanças são adiadas, mais uma vez, para o início do próximo ano. Uma das mudanças que se iriam dar com o início deste ano, ao bater das doze badaladas, seria a da grafia do Português. Nesta altura, o nosso abecedário já teria 26 letras e já não seria incorrecto escrever que “neste úmido janeiro, a não ratificação do Acordo Ortográfico foi um ótimo incentivo a ações de manifestação contra este”.
A pretensão de tornar a grafia da Língua Portuguesa una era já do conhecimento público (mesmo que não de todo o “público), mas quando, a 2 de Novembro do passado ano, o ministro dos Negócios Estrangeiros português anunciou que Portugal aprovaria o Protocolo Modificativo do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa até ao final desse ano, tornando-o uma realidade, foi como se um cronómetro omnipresente inquietasse muitos portugueses. A ministra da Cultura veio, no mesmo mês, anunciar que pediria um prazo de dez anos para a entrada em vigor do Acordo, prevendo-se, durante este período, a coexistência das duas grafias.
Muitos aplaudiram, mas muitos protestaram. Cedo a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) e a Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) contestaram a forma como o anúncio foi feito, de forma informal e precipitada. Outros mostraram o seu descontentamento já que, para além da injustificada e grosseira mudança, o Acordo faria com que todos os livros, sejam eles de ficção, técnicos, escolares ou dicionários, passariam a apresentar uma ortografia incorrecta, inutilizando-os.
A verdade é que o referido documento não assegura a promovida “unidade essencial” da Língua Portuguesa. E, na realidade, esta unidade é assim tão essencial? Sem melodrama, por favor: não é este acordo que aproximará os países de língua oficial Portuguesa. E a “desculpa” económica é de longe a mais ridícula. Poupar-se-á nas adaptações de documentos, livros, videojogos e software, é uma realidade, mas é este valor suficiente para custear as alterações necessárias e a entrada em vigor do documento, para além de obrigar os portugueses a escrever de forma ilógica e diferente daquela que aprenderam? Nem de longe. A única justificação, implícita e, contudo, lógica, é a conquista do economicamente crescente mercado africano. E enquanto os portugueses estarão ainda a tentar perceber o que muda e porquê, já as editoras brasileiras estarão a editar em África, felizes e contentes.
O descontentamento não se deve a medo duma suposta “abrasileiração”, nem a pura teimosia: deve-se à defesa de direitos que os portugueses têm sobre a língua que falam e escrevem.
A imprensa pouca importância deu a esta problemática, e sempre que o fez tratou-a como se fosse algo quotidiano, demasiado desinteressante para ser comentado. Talvez por isso, a pergunta que aqui coloquei no passado mês demonstre que ainda sejam muitos aqueles que desconhecem em que consiste o Acordo Ortográfico, acordo que poderia, inclusive, já ter sido aprovado e entrado em vigor. Quiçá os debates, os comentários, as opiniões e os directos sobre a simples e conhecida Lei Anti-tabaco sejam demasiado importantes para cederem tempo a uma questão sobre a nossa identidade linguística.
Mas apesar de qualquer tipo de protesto, a entrada em vigor deste acordo é (certamente) inevitável. O Governo adiou a aprovação da ratificação para este ano, sem precisar a data, mas que poderá fazer: voltar atrás com o já foi assinado e decidido? Mesmo que os actuais ministros compreendam as opiniões daqueles que não concordam com o acordo, seria deselegante e politicamente incorrecto ignorar o documento. E entre isto e tentar procurar novas opções, como anunciar que, na realidade, o documento não corresponde aos interesses dos portugueses, parece-me que acabarão por se decidir pela primeira possibilidade.
Ainda assim, não me cansarei de expressar o meu desagrado face ao Acordo Ortográfico que, a meu ver, trará mais desvantagens do que vantagens e que nos fará escrever de forma ilógica e incorrecta.
____________________________
Sabe em que consiste o Acordo Ortográfico?
 
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Total: 185 respostas
Estejamos atentos.
Publicado por Fábio J. às 20:25

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O autor deste blog não respeita o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa