Fevereiro 17 2007

Não costumo ver televisão pois o tempo é usado noutras tarefas, mas tenho por hábito, depois do almoço aos fins-de-semana, debruçar-me um pouco sobre os programas apresentados. A dois: oferece semanalmente uma viagem pelo mundo das artes com o Câmara Clara, exibido na sexta e repetido no Sábado. Por vezes, quando a conversa é interessante, observo a tertúlia, nomeadamente quando o tema é o literário.

Hoje, dentre a grande gama de informação interessante houve uma mais insubmissa: um dos convidados destacou a quase sempre trivial e pouco intensa escrita feminina. Não vou aprofundar nem debater o tema mas sim apresentar uma escritora que destroça esta ideia: Ursula Le Guin.

Acabei ontem de ler Os Túmulos de Atuan e, embora o tenha feito duma forma demasiadamente lenta e fragmentada, não deixei de me sentir preso à história, ansioso e simultaneamente receoso de a viver. Tal como em O Feiticeiro e a Sombra, esta autora demonstrou a profundidade das suas palavras, a beleza das suas mensagens metafóricas e o poder das suas personagens.

Nesta história caminhamos com Tenar, uma criança que cedo é separada da sua família e da sua identidade e entregue Àqueles-que-não-têm-nome, ou seja, às forças obscuras dos Túmulos de Atuan. Sendo Arha, a sempre renascida Grã-Sacerdotisa, tem como missão cuidar dos Túmulos e prestar-lhes culto, até à morte do seu corpo. A sua vida não tem mais nenhum propósito para além deste, e Arha cresce querendo apenas servir os seus senhores. Até que um dia percebe que a sua fé é apenas isso, fé, e não o seu destino.

Tentando recuperar a metade à muito perdida do famoso Anel de Erreth-Akbe, Gued, o já conhecido jovem feiticeiro, desloca-se até aos Túmulos e cruza-se com Tenar: o destino desta mudara. Usando toda a sua prepotência socializa com o feiticeiro e percebe que existe uma vasto mundo para além do que ela conhece: um mundo livre.

Intenso e profundo, este é um livro duma beleza extrema. A apresentação do verdadeiro e intenso sentido da liberdade é um ponto forte, mas a coragem e a narração duma fé falsa e absurda também conseguem espantar.

Um segundo volume original e criativo que vem dar mais credibilidade a este intrigante Ciclo de Terramar. Resta-me continuar a ler a saga e assim aventurar-me por mais histórias magníficas.

Os Túmulos de Atuan de Ursula K. Le Guin

Bom fim-de-semana e Carnaval e, claro, Boas e Fantásticas Leituras!!!

Publicado por Fábio J. às 21:25

Comigo passa-se o mesmo.
Já disse para mim próprio: "Oh pá, vê se vais mudando o estilo", mas a verdade é que este género é tão completo e fantástico (em todos os sentidos) que não quero outra coisa!
Acho que não irias te arrepender se lesses O Ciclo de Terramar. A história é sublime, duma narrativa erudita e simultaneamente pessoal, quase amiga. Eu gostei bastante do que já li e quero continuar...
Se depois te decidires fico à espera duma opinião.

Bye!
Fábio J. a 26 de Fevereiro de 2007 às 22:04

sugestao aceite! =P**
Miss Bradshaw a 27 de Fevereiro de 2007 às 14:12

Um blog sobre livros e afins. A descongelar lentamente...
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