Ontem tive um almoço em família. Depois disso fiquei na mesa com a minha avó e acabamos a falar em religião, um dos seus temas preferidos que acaba sempre por ser o tema quando estamos juntos. Ela é totalmente crente e bastante dogmática e radical em relação a factos e histórias do catolicismo, mas gosta de discutir o assunto. Como não podia deixar de ser confrontei-a com algumas “teses” d’O Código da Vinci. Bem, depois ter sido designado como um Jeová e descrente, de quase levar a minha avó ao enfarte e de ser aconselhado a rezar, rezar muito, desisti da conversa, mas não sem antes tranquiliza-la com ”Não se preocupe, isto é só um romance, tudo invenção”.
Não lhe cheguei a sugerir que lesse o livro pois pouco o apreciaria uma vez que o acharia uma heresia. Não que não fosse gostar do romance em si, mas neste caso acho que o fundo histórico taparia a narrativa, e a parte artística perder-se-ia.
Sim, pois eu acho que a leitura, ou duma forma mais correcta, a literatura é uma forma de arte e consequentemente os escritores são artistas. Qualquer obra de arte tenta transmitir uma mensagem. Tenta fazer com que quem a aprecie sinta algo, concreto ou não, e que mesmo inexplicavelmente goste ou deteste, ame ou odeie, pois no fundo o importante é despertar sensações, reacções...
Os livros, com as suas palavras laboriosamente seleccionadas e relacionadas, causadoras de tantas sensações e sentimentos, e geradoras de inúmeras interpretações, são para mim uma expressão de arte, uma arte que se cultiva durante a leitura e que só tem sentido com esta.
Mas servem também de companhia naqueles dias de insónias ou aborrecimento. Quando se está só, ou a companhia nos faz sentir isso, e tudo que queremos é divagar e descontrair, nada há melhor do que se deleitar com uma boa história. Fazem-nos passar bons momentos pois, com todas aquelas sensações e descobertas, mistérios que nos deixam curiosos, relatos tocantes ou enredos impressionantes tudo esquecemos. É uma boa maneira de aproveitar o tempo, sem dúvida (para quem gosta).
Mas as perspectivas podem ser outras e, para além da parte erudita ou “desportiva” dum livro, há também quem se debruce sobre a sua parte mais útil, mais proveitosa como pensam alguns. É que um livro é sempre (ou devia ser) uma grande fonte de conhecimento. Foi-o durante séculos, mas mesmo agora é muito aquilo que, sob a forma de retrato da realidade seja sob fruto da imaginação do artista, é apresentado ao leitor e o completa, pois os livros completam-nos, cada um da sua forma, mas completam.
Existe sempre a possibilidade de pura e simplesmente não se querer deixar absorver pela leitura, talvez com medo das sensações, talvez com medo do complemento, mas justificadamente porque não se gosta...
O livro pode ser visto sobre muitas perspectivas mas o importante é ler. Se já o faz continue, caso contrário esta semana é uma boa altura para o começar a fazer.
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Para mim, a leitura é... |
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29.85% | arte | |
35.82% | entretenimento | |
31.34% | conhecimento | |
2.98% | algo desinteressante |
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Boa semana e Boas Leituras!!!