Pensemos num objecto.
Agora pensemos que esse objecto nos conta todos os seus segredos, não nos esconde nada, revela-nos tudo que pode contar, até aos mais ínfimos pormenores. Conta-nos as suas tragédias, os seus dramas, as suas dores e até as suas loucuras. Conta-nos também as suas aventuras, as suas alegrias e as suas viagens. Partilha connosco os seus amigos e leva-nos a odiar os seus inimigos. Revela-nos toda a sua história, basta para isso que o saibamos escutar, sendo ele mudo.
Não nos nega nada e está sempre pronto a desabafar connosco. É mais calmo do que a calma o pode ser, e no entanto ergue montanhas e construi castelos, da vida ou então a morte, é justo sem nunca deixar de ser impiedoso.
Nele tudo nos surpreende, e tudo nos faz gostar ainda mais dele. Os seus mistérios são numerosos e trazem com eles tantas sensações quanto as palavras podem trazer. As revelações são as mais esperadas e é aí que a satisfação nos invade e um sorriso, ou uma lágrima, se mostra no nosso rosto. Os seus protagonistas, veículos na grande história, levam-nos consigo nas suas emoções mas estão sempre disfarçados por grandes véus. O fim, esse, é o triste, como uma morte que chega prematuramente e leva consigo um filho amado.
Não há amigo como este, e mesmo sendo um objecto, não há dúvida de que um livro pode ter mais vida do que muita gente...
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Aqui ficam os resultados da pergunta deste mês.
O que mais gostas num livro? |
6.66% | As personagens | |
30% | Os mistérios | |
13.33% | As revelações | |
3.33% | O fim | |
46.66% | Tudo | |
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Total: 30 respostas |