Desde as últimas semanas, o mercado editorial tem estado no seu período mais activo com vários lançamentos em destaque, fazendo desta época uma altura propícia à leitura de novos livros. Mas não só os lançamentos fazem desta época o ponto alto de venda e debate de livros e literatura. Começou hoje o
Fórum Fantástico 2007, em Lisboa, uma iniciativa que pretende promover e incentivar a leitura de literatura especulativa em Portugal, contando com uma série de debates e palestras sobre o género, bem como lançamentos literários enquadrados nesta temática.
Este é, sem dúvida, um dos géneros literários que mais me agrada e aquele que mais leio. As razões para este interesse são várias, mas o propósito do post é outro, embora intimamente relacionado: um bom exemplo da qualidade deste género literário é o Ciclo de Terramar, de Ursula K. Le Guin.
Era já de madrugada quando acabei Num Vento Diferente, um dos melhores livros (senão o melhor) que li até hoje e aquele com, muito provavelmente, o melhor final, atendendo também ao facto deste ser a conclusão da referida série.
Quando há perto de um ano me deparei com este livro, estava longe de imaginar o quanto toda a série me fascinaria. Publicado no início deste século, mas dependente dum Ciclo iniciado em 1968, o livro exigia a leitura dos quatro antecedentes. Neles conheci as personagens, os locais, as culturas e as mentalidades de Terramar. Neste livro, já com todos esses conhecimentos, surpreendi-me quando a autora fez o que parecia impossível: criou algo ainda melhor, o melhor, revolucionando a essência de tudo aquilo que até então havia apresentado.
Depois dos acontecimentos do último volume, algo continuou a acontecer em Terramar, algo que nem os mais poderosos feiticeiros ou sacerdotes puderam prever e, mais tarde, solucionar. Nesta série, a principal temática é, abstractamente, a Vida e a Morte.
Neste livro tudo começa quando Amieiro, um humilde bruxo com a capacidade de consertar coisas, começa a ser levado, em sonhos, até à terra árida, à terra onde as estrelas não se movem e não há luz nem vento, à terra dos mortos. A sua falecida mulher, assim como todas as outras almas, suplicam-lhe para que as liberte, que lhes permita e ajude a ultrapassar o muro que divide a terra dos mortos da terra dos vivos.
É então que as personagens e os povos, incluindo os dragões, se reúnem, guiados pelo destino e pelas forças da terra. O Homem, na sua audácia, pôs em risco a sua maior dádiva, a morte, e só com muito esforço e sacrifício a poderá recuperar.
Orientada pela a mestria inigualável de Le Guin, neste livro a verdadeira essência do Ciclo, assim como a essência da vida, é posta à prova, fazendo-me sentir completamente arrebatado pelo enredo, completamente rendido a toda a sua beleza.
Está é, sem dúvida, uma incrível história, não me sendo possível fazer jus a toda a sua qualidade. Gued, Tenar, Tehanu, Lebánnen e Amieiro, estas são algumas das personagens que dificilmente esquecerei.
Excelente, profunda, inigualável...
O melhor final possível para esta incrível série.

Num Vento Diferente de Ursula K. Le Guin





Fantásticas Leituras!