Novembro 25 2007
Escrevi que talvez publicasse e afinal publico mesmo.
Já não é novidade para ninguém que a relação comercial entre livros e filmes ressalta à vista. Exemplos como a saga Harry Potter ou a trilogia O Senhor dos Anéis são o suficiente para mostrar como a popularidade dum livro pode fazer um filme render, e como um filme de sucesso leva as pessoas a ler o livro.
O conceito não é novo. Desde sempre se fizeram adaptações cinematográficas de histórias literárias. Recentemente tem-se também verificado o contrário, ou seja, ver o guião dum filme adaptado à narrativa. Tudo corre bem; e desde que feitas com qualidade, estas adaptações são totalmente legítimas... desde que não se aproveitem delas duma forma abusadora, prejudicando quem paga para lhes ter acesso.
Como certamente é do conhecimento de muitos visitantes do blog, estreará em Portugal, no próximo dia 6 de Dezembro, a adaptação cinematográfica do primeiro livro da trilogia Mundos Paralelos de Philip Pullman, Os Reinos do Norte. Na verdade, o filme intitula-se A Bússola Dourada, numa alternativa ao título do livro em português.
Há muito que este livro, assim com a trilogia, têm sido referidas aqui no blog, principalmente em comentários, nos quais me recomendam as obras. O anúncio desta adaptação bastou para me convencer a lê-as. Queria até faze-lo antes da estreia do filme, e à medida que a data se ia aproximando temia que se fizesse o que já tem vindo a ser habito, pelo menos em Portugal: alterar a capa do livro, colocando-lhe imagens do filme.
Pois bem, aconteceu antes de ter tido oportunidade de o comprar e não só ao primeiro livro, mas também aos restantes. É então que começa o problema: a um mês da estreia a editora reedita a trilogia. Não satisfeita por colocar uma imagem do filme no primeiro livro, a Editorial Presença decidiu colocara-la também nos outros dois, usando tonalidades diferentes da mesma. Demonstrando ainda uma total ânsia pelas vendas, remeteu o título do primeiro livro para segundo plano, colocando em destaque o título do filme. E agora, o que realmente me choca: aumentaram o preço de todos os três livros, 5.53€ no 1º e 3º, 3.53€ no 2º. Se isto não é abusar dos leitores, não sei o que é.
Compreendo o lado da editora, que pretende valorizar ao máximo o lançamento do filme, que acaba por promover o livro, mas mesmo assim não vejo justificação para tais actos. Acho realmente triste mudarem as capas, mais deplorável ainda mudarem o título e sem dúvida um exagero aumentarem o preço desta forma. O mais importante é sem dúvida o conteúdo, mas pelos vistos a própria editora não pensa assim.
Pretendia ler toda a trilogia. Neste momento, sei que não o farei nos próximos tempos, tanto pelos preços como pelas capas. Sinceramente, e pelos menos no meu caso, trata-se duma péssima opção feita pela Editorial Presença!

 Antiga capa do livro Os Reinos do Norte, a 12,47€

Capa actual do livro Os Reinos do Norte, a 18€

Sem dúvida uma boa maneira de me convencer a não ler o livro.

Publicado por Fábio J. às 22:58

Novembro 24 2007
Há já alguns dias tentava publicar sobre determinados assuntos, mas a sempre presente falta de tempo não o permitiu. Tentarei ainda este fim-de-semana publicar sobre algo que me anda a chocar, mas não agora, não neste post que trata dum tema muito mais agradável.
Se bem se lembram, há algum tempo atrás escrevi, aqui, sobre o lançamento do primeiro livro d’As Crónicas de Gelo e Fogo e as promoções em torno dele. Achei-as realmente boas, e como todos nós sabemos a literatura não é um produto dado (nem propriamente barato), portanto, aproveitei e adquiri o primeiro livro.
A editora usou as tradicionais críticas (positivas) feitas por vários jornais, sites e até escritores para promover a obra, chegando mesmo a colocá-las na sua capa. E com frases como “a melhor fantasia dos últimos 50 anos” na capa, as expectativas tornaram-se elevadas. Pois bem, não poderei confirmar a veracidade da frase, porque não sou especialista, mas nem por um momento A Guerra dos Tronos me desiludiu, muito pelo contrário.
Apesar da série ser classificada como de fantasia, neste primeiro livro George R. R. Martin não a apresenta nem a usa; faz apenas algumas sugestões, através de alguns deslumbres que fazem antever elementos do fantástico. Neste livro encontramos uma verdadeira teia de intrigas e conspirações em torno dum trono e do poder, de tal forma que quase o poderíamos classificar como um “romance histórico não baseado na realidade”, embora altamente realístico.
Desde logo o autor marca a diferença: os capítulos, ao invés de numerados ou titulados de acordo com a narrativa, apresentam o nome duma personagem, personagem essa que passa a ser como que o protagonista da narrativa. Mas não se pense que isto a torna confusa: desta forma, a história é-nos apresentada sob várias perspectivas e a narrativa torna-se dinâmica e atractiva.
A história passa-se nos Sete Reinos, uma terra unida pela guerra, durante uma frágil paz conseguida à custa dum regicídio que acabou com uma antiga dinastia. Mas a ambição pelo poder é grande e há quem esteja disposto a muito para o alcançar. Quando a Mão de Rei é assassinada, Eddard Stark, protector do Norte, é convidado pelo próprio rei a assumir o prestigiado cargo. Aceita-o, pois desconfia ter sido a própria rainha a envenenar o antigo detentor do cargo. É então que se coloca a si e a toda a sua família em perigo.
Enquanto isso, do outro lado do mar estreito, os descendestes da antiga dinastia começam a reunir forças, preparando o seu regresso.
Sem divagações mas com uma pormenorização arrebatadora, desde logo a narrativa prende o leitor, fazendo-o extasiar face à complexa acção que cruza personagens bem construídas, numa acção muito bem orientada, com um discurso muitíssimo apropriado e coerente.
George R. R. Martin mostra-se um “senhor escritor”, um mestre, autor duma genial obra criativa que está longe de qualquer cliché e influência. Sem rodeios mata uma personagem, ou duas ou sejam quantas tiverem de ser. O que importa é surpreender, chocar, arrebatar, e isso ele fá-lo como ninguém.
Tão soberbamente construída, a história leva-nos com ela e em menos de nada acabou. O fim é de cortar a respiração, quase desesperante, e o excerto d’A Muralha de Gelo, o próximo volume, aumenta ainda mais a ansiedade. Sem dúvida alguma, um dos enredos mais bem construídos e viciantes que já li. A continuação da série é obrigatória.
Recomendo a toda a qualquer pessoa. E já agora, mal posso esperar para ver a adaptação televisiva que está a ser produzida pela HBO...

A Guerra dos Tronos de George R. R. Martin

Bom fim-de semana e Boas Leituras!

Publicado por Fábio J. às 22:42

Novembro 16 2007
Mesmo se me esquecesse dele, não havia maneira de neste dia ninguém falar sobre ele: por acaso foi a minha professora de Biologia que não conseguiu esconder o entusiasmo com este lançamento, expressando o seu contentamento e ansiedade por ir buscar o livro que havia há muito encomendado...
E finalmente a saga literária mais lida do mundo chega ao fim em Portugal, com a edição do seu último livro na nossa língua.
Pelos vistos o lançamento não foi tão “eufórico” quanto prometia, mas compreende-se: numa quinta-feira à noite... Mas o que importa é ter o livro disponível, pronto a satisfazer os fãs portugueses.
Por aqui a conclusão da saga terá de esperar ainda algum tempo, mas ocorrerá, e certamente será marcante.
Para todos aqueles que lerem este tão aguardo livro, Boas Leituras!
Aproveitem, é o último...

Harry Potter e os Talismãs da Morte de J. K. Rowling

Publicado por Fábio J. às 21:58

Novembro 08 2007
Desde as últimas semanas, o mercado editorial tem estado no seu período mais activo com vários lançamentos em destaque, fazendo desta época uma altura propícia à leitura de novos livros. Mas não só os lançamentos fazem desta época o ponto alto de venda e debate de livros e literatura. Começou hoje o Fórum Fantástico 2007, em Lisboa, uma iniciativa que pretende promover e incentivar a leitura de literatura especulativa em Portugal, contando com uma série de debates e palestras sobre o género, bem como lançamentos literários enquadrados nesta temática.
Este é, sem dúvida, um dos géneros literários que mais me agrada e aquele que mais leio. As razões para este interesse são várias, mas o propósito do post é outro, embora intimamente relacionado: um bom exemplo da qualidade deste género literário é o Ciclo de Terramar, de Ursula K. Le Guin.
Era já de madrugada quando acabei Num Vento Diferente, um dos melhores livros (senão o melhor) que li até hoje e aquele com, muito provavelmente, o melhor final, atendendo também ao facto deste ser a conclusão da referida série.
Quando há perto de um ano me deparei com este livro, estava longe de imaginar o quanto toda a série me fascinaria. Publicado no início deste século, mas dependente dum Ciclo iniciado em 1968, o livro exigia a leitura dos quatro antecedentes. Neles conheci as personagens, os locais, as culturas e as mentalidades de Terramar. Neste livro, já com todos esses conhecimentos, surpreendi-me quando a autora fez o que parecia impossível: criou algo ainda melhor, o melhor, revolucionando a essência de tudo aquilo que até então havia apresentado.
Depois dos acontecimentos do último volume, algo continuou a acontecer em Terramar, algo que nem os mais poderosos feiticeiros ou sacerdotes puderam prever e, mais tarde, solucionar. Nesta série, a principal temática é, abstractamente, a Vida e a Morte.
Neste livro tudo começa quando Amieiro, um humilde bruxo com a capacidade de consertar coisas, começa a ser levado, em sonhos, até à terra árida, à terra onde as estrelas não se movem e não há luz nem vento, à terra dos mortos. A sua falecida mulher, assim como todas as outras almas, suplicam-lhe para que as liberte, que lhes permita e ajude a ultrapassar o muro que divide a terra dos mortos da terra dos vivos.
É então que as personagens e os povos, incluindo os dragões, se reúnem, guiados pelo destino e pelas forças da terra. O Homem, na sua audácia, pôs em risco a sua maior dádiva, a morte, e só com muito esforço e sacrifício a poderá recuperar.
Orientada pela a mestria inigualável de Le Guin, neste livro a verdadeira essência do Ciclo, assim como a essência da vida, é posta à prova, fazendo-me sentir completamente arrebatado pelo enredo, completamente rendido a toda a sua beleza.
Está é, sem dúvida, uma incrível história, não me sendo possível fazer jus a toda a sua qualidade. Gued, Tenar, Tehanu, Lebánnen e Amieiro, estas são algumas das personagens que dificilmente esquecerei.
Excelente, profunda, inigualável...
O melhor final possível para esta incrível série.

Num Vento Diferente de Ursula K. Le Guin

Fantásticas Leituras!
Publicado por Fábio J. às 22:28

Novembro 03 2007
A propósito da questão que este mês coloquei aqui no blog, achei por bem dar uma vista de olhos pelos tops de vendas de algumas livrarias virtuais portuguesas. Visitei o site da Bertrand, Bulhosa, Fnac e Webboom. Em cada uma delas é possível encontrar uma lista com os dez livros mais vendidos da semana. Os resultados variam de acordo com o vendedor, mas o que quero salientar é a nacionalidade dos autores: na Bertrand e na Bulhosa quatro dos dez livros da lista são assinados por autores portugueses, sendo que em cada uma das outras duas listas apenas constam três autores nacionais.
Estes dados não me chocam, na verdade até os acho normais. Não é novidade para ninguém que o mercado editorial português é bastante dependente de obras estrangeiras e que entre estas estão algumas daquelas que serão best-seller no nosso país, arrebatando fãs e merecendo a atenção da crítica. Mas serão estes dados o reflexo duma preferência natural e espontânea, por pura casualidade, ou existirá na sociedade lusa uma tendência racional para preferir autores estrangeiros?
Se considerarmos os visitantes deste blog uma amostra fidedigna da nossa sociedade, então não há margem para dúvidas: os leitores portugueses preferem ler autores oriundos de outros países.
Não me é possível saber, e por isso divulgar, as razões das respostas dadas, mas independentemente delas os dados parecem-me realmente merecedores de atenção. Perto de um quarto dos votantes afirmam interessarem-se mais por autores estrangeiros duma forma muito convicta. Para estes que indicam a preferência como uma obrigatoriedade, talvez apenas exista criatividade, qualidade e dinâmica nas obras estrangeiras. Ou isso, ou não existe qualquer tipo de confiança do que se faz em Portugal, havendo até, quiçá, um preconceito.
Há, no entanto, aqueles que diria terem esta preferência por casualidade, ou então porque, no nosso mercado tão virado para o que vem de fora, o destaque dado aos autores estrangeiros ensombra os autores nacionais e as suas obras. Seja como for, não deixa de ser pouco animador verificar que o interesse de muitos leitores não passa pelas obras dos seus compatriotas.
Para além disto, daqueles que deram uma resposta negativa à questão, não é possível saber quais os que, apesar dos interesses em abstracto, realmente dão mais importância aos autores nacionais e lêem as suas obras.
Em suma, diria que me parece necessário mudar mentalidades. Sou acérrimo defensor de que opiniões não se discutem mas creio que não devemos ser extremistas e nos confinarmos a ideias demasiado sólidas. Sem dúvida que, à partida, para ser editada em Portugal uma obra tem de ter sucesso no seu país e/ou internacionalmente, mas lá porque as portuguesas não passam por essa selecção não há razão para afirmar que nelas não existe qualidade e interesse. Há livros nacionais maus, sem dúvida que sim, mas não os haverão também entre aqueles que nos chegam de outros países?
Fico à espera de opiniões.
_________________________________

Interesso-me mais por escritores estrangeiros.

 

26.31% Obrigatoriamente.
39.47% No fundo, sim.
34.21% Não.

 

Total: 76 respostas
Publicado por Fábio J. às 22:53
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