Fevereiro 29 2008
Depois de várias cadeias de livrarias ou livrarias virtuais estrangeiras o terem feito, entre as quais destaco a recente sondagem feita pela maior livraria on-line australiana, a Dymocks, chegou a vez de se fazer o mesmo em Portugal: perguntar aos leitores qual o melhor livros dos últimos tempos.
A iniciativa é da Fnac, que, a comemorar 10 anos no nosso país, seleccionou 100 títulos e pediu aos visitantes da sua loja virtual para votarem em cinco, de forma a eleger os 10 melhores livros destes últimos 10 anos.
Confesso que não fiquei muito satisfeito com a centena de livros que foi eleita, por a achar muito limitada e tendenciosa, mas não deixo de estar curioso por perceber qual é, afinal, a opinião dos portugueses quando confrontados com este tipo de iniciativas.
Resta dizer que a pesquisa se estende aos melhores 10 discos e aos melhores 10 filmes.
Bom Fim-de-semana!
Publicado por Fábio J. às 23:33
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Fevereiro 24 2008
Embora não tenha publicado com frequência, os temas e as notícias abundam, de tal forma que se torna difícil selecciona-las, ignorando outras. E como não gosto muito de posts tipo “agência noticiosa” (para isso tenho usado o painel rolante, embora com pouco sucesso), prefiro fazer um breve resumo.
 Ora, ignorando os vários interessantes títulos lançados, restrinjo-me agora a um que será esta semana dado a conhecer. Refiro-me a Mundos Virtuais, escrito por José Antunes e editado pela Porto Editora, um livro que tenta esclarecer o público sobre o fenómeno do Second Life, e que será apresentado precisamente neste simulador da realidade, se é assim o posso apelidar. Não é a primeira vez que um autor português publica a sua obra no Second Life mas, de qualquer forma aqui fica a referência: dia 28 de Fevereiro, pelas 21:30, na ilha da Universidade do Porto. Há quem se deixe viciar por este universo; eu, particularmente, não me deixei tampouco cativar, durante o pouco tempo em que vivi sob o meu avatar. De qualquer forma é, no mínimo, um lançamento diferente e acessível com meia dúzia de clicks.
E depois deste há um outro lançamento que não posso deixar de referir, embora muito mais tradicional. Depois de O Voo do Dragão, a Gailivro edita o segundo livro dos Cavaleiros de Pern: A Demanda do Dragão, de Anne McCaffrey. E porquê referir este lançamento? Simplesmente porque se trata de uma das mais conhecidas, apreciadas e premiadas séries de ficção científica do século XX. Confesso que pouco sei sobre autora e obra e, consequentemente, a curiosidade e vontade de ler a série não é realmente forte, no entanto, é de louvar a publicação de histórias que já são clássicos, como esta. A série conta com quase duas dezenas de títulos, e é pouco provável que a editora a publique por completo, tanto pela quantidade de volumes como pelo facto desta não ser a primeira vez que a série é editada no nosso país, não constituindo, por isso, uma novidade.
Contudo, todas as opiniões que dela recebi foram bastante positivas. Neste volume, “os audazes cavaleiros e os seus magníficos dragões voadores, uma vez mais, rodopiam e precipitam-se nos céus de Pern. No entanto, o chefe do Weyr, F’lar, terá de encontrar uma forma mais eficaz de proteger Pern (o seu adorado reino) e antecipar as consequências, ainda mais nefastas, da revolta dos Veteranos… antes que o seu irmão, F’nor, seja imprudente ao encetar mais uma missão suicida… e que os malditos lagartos-de-fogo provoquem mais episódios desastrosos…” Pelos vistos, os leitores podem esperar muita acção de mais este volume.
A ver vamos quais as escolhas da editora no que toca a esta série.
A Demanda do Dragão de Anne McCaffrey
Boa Semana e Boas Leituras!
Publicado por Fábio J. às 23:01

Fevereiro 16 2008
“O acordo ortográfico tem tanta excepção, omissão e casos especiais que não traz qualquer mudança efectiva”, disse o escritor angolano Mia Couto.
“Acho que [os governantes] estão a debater uma questão muito séria, muito séria - insistiu - sem informar suficientemente as pessoas sobre aquilo que estão a debater”, disse o escritor angolano Ondjaki.
“Eu sempre achei que o acordo ortográfico não é preciso: um brasileiro lê perfeitamente a ortografia portuguesa e um português lê perfeitamente a ortografia brasileira. Olha a ortografia, sabe que palavra é que é, pronuncia correctamente”, portanto “acho que é um desperdício de energias, um desperdício de dinheiro, e penso que se devia gastar o pensamento e as forças em outra coisa qualquer”, disse a catedrática brasileira Maria Lúcia Lepecki.
"Há muitos anos que eu venho ouvindo falar deste acordo, que sai e não sai. Mas, se eu olhar para o meu próprio país, que é Moçambique, nós somos tão diversos que de vez em quando acho que cada um tem o direito de escrever a sua língua portuguesa", disse a escritora Paulina Chiziane.
“Eu acho que se podia dispensar este acordo. Escrevo em português e penso que os portugueses vão continuar a escrever - sobretudo os da minha geração - no código em que foram ensinados. Na minha idade (84 anos), não vou agora mudar para uma ortografia - digamos - comum”, disse o ensaísta, professor universitário e filósofo Eduardo Lourenço.
Estes são apenas cinco de todos aqueles cidadãos, portugueses, brasileiros ou africanos, enfim, falantes do Português, que têm muitas reservas quanto a este Acordo Ortográfico que, ao que parece, já está juridicamente em vigor em todo o mundo lusófono, uma vez que três países já o ratificaram.
O novo Ministro da Cultura português anunciou, há poucos dias, que Portugal vai mesmo ratificar o Acordo e pô-lo em prática, declarando ainda que a anteriormente referida “moratória não deve ser usada no acordo ortográfico”, devendo este ser rapidamente introduzido pelos editores literários e escolares nacionais.
A Assembleia da República vai ouvir vários especialistas (é pena muitos deles terem, desde logo, um opinião tendenciosa) acerca do Acordo Ortográfico da Língua portuguesa mas a verdade é que pouco ou nada poderá mudar. O Acordo Ortográfico é hoje uma realidade, uma lei internacional. Resta saber como vão os governos passar da teoria à prática e pôr milhões de pessoas a escrever de uma outra maneira, que para além de diferente apresenta várias falhas, muitas especificidade e imensa estupidez.
Já se sentem mais próximos uns dos outros, amigos portugueses, brasileiros, africanos e asiáticos? A mim também me parece que não...
Para terminar, uma última nota sobre a 9ª edição do encontro de escritores de expressão ibérica, as Correntes d’Escrita, que terminou hoje com a entrega do Prémio Literário Casino da Póvoa a Ruy Duarte de Carvalho, no valor de 20.000 euros, pela obra Desmedida - luanda, são paulo, são francisco e volta. Crónicas do Brasil. Eis um género de iniciativa a ser imitado.
Publicado por Fábio J. às 23:33

Fevereiro 10 2008
O tempo tem sido realmente muito pouco, de modo que actualizar o blog e responder a comentários e mensagens tem sido complicado. De qualquer forma, e como sempre, as leituras continuam, já que sem elas o dia perderia um pouco do seu brilho.
Há sempre tanto para ler! Amanhã, por exemplo, é lançado A Fúria dos Reis, o terceiro livro d’As Crónicas de Gelo e Fogo, de George R. R. Martin, de quem já sou um fã declarado. E este meu fascínio deve-se ao grande prazer proporcionado pelos dois volumes precedentes, nomeadamente A Muralha de Gelo, a qual recentemente terminei.
Na versão original, este dois primeiros volumes eram um só livro, no entanto, diria que existe um clara mudança, quase como uma pausa, no final do primeiro volume, com um clímax melhor do que o apresentado por muitos outros livros. A própria narrativa flúi de uma outra maneira, talvez por já conhecermos as personagens e as intrigas mas, principalmente e a meu ver, pelas intrigas se transformarem em guerra e o mistério se transformar em medo.
As personagens, já conhecidas do leitor, revelam o seu verdadeiro carácter e tudo aquilo que valem. Confrontadas com situações inesperadas e cruéis, elas surpreendem pelas suas acções e senso, constituindo a base desta incrível história. O autor usa-as magistralmente, subjugando-as a condições arrepiantes, chocantes, tristes e enervantes, criando no seu interlocutor um intenso e constante turbilhão de sensações.
Como acima antevi, neste volume a intriga torna-se mais clara e directa, e os acontecimentos, que anteriormente eram manipulados na penumbra pelos senhores da corte, tornaram-se agora em verdadeiras guerras, desde logo um outro factor apelativo.
E se isto remete para os confrontos bélicos da Idade Média, paralelamente a fantasia surge no seu melhor, fazendo antever uma narrativa ainda mais interessante e criativa. O medo como que se materializa, e os homens vão necessitar de toda a sua coragem para o superar e tentar vencer. E neste ponto GRRM parece ser, desde já, único e promissor.
As reviravoltas são a prova de uma imensa originalidade. Se num momento depositamos todas as nossas expectativas e fé numa personagem, no seguinte somos confrontados com a sua traição ou morte. Se pensamos que somos capazes que prever o que acontecerá a seguir, logo o autor destruiu tudo o que imaginamos... e cria algo incrivelmente superior e surpreendente.
Directo mas muito complexo e envolvente, o enredo é perfeito e comprova, mais um vez, que estamos perante uma história com muito para oferecer e para qualquer tipo de leitor.
A meu ver, este é, sem dúvida, um enredo que ficará para a História pela sua qualidade e originalidade. A continuação, ou a leitura para quem ainda não começou, é obrigatória.
Stark, Lannister, Targaryen, Baratheon... Vale a pena conhecer este e todos os outros nomes que constituem este universo único.

A Muralha de Gelo de George R. R. Martin

Boa semana e Boas Leituras!
Publicado por Fábio J. às 23:42

Fevereiro 06 2008
Comemoram-se hoje os 400 anos sobre o nascimento de Padre António Vieira, um jesuíta português que passou grande parte da sua vida no Brasil, pregando os seus famosos sermões. Atravessou o Atlântico sete vezes, e condenou os vícios humanos, defendendo as virtudes cristãs assim como os índios da então colónia portuguesa. Fernando Pessoa apelidou-o de “Imperador da Língua Portuguesa”, e tê-lo-á sido, tal era a riqueza de ideias e admiráveis imagens dos discursos que nos legou.
Lembro-me que há algum tempo, já não sei bem onde, um brasileiro destacava Padre “Antônio” Vieira como um dos maiores escritores brasileiros. Importantes acontecimentos da sua vida passam-se lá; os seus mais conhecidos sermões foram apresentados lá, dirigidos (principalmente) aos homens de lá; morreu lá; mas a nacionalidade é a de cá. Seja como for, na época tudo era Império Português, e todos eram portugueses, falantes de um Português uno... o mesmo não se verifica nos nossos dias.
Pergunto-me como escreveria este ícone da literatura se tivesse nascido no Portugal do séc. XXI e emigrado, posteriormente, para o Brasil. Teríamos uma mistura do léxico dos dois países? Qual ortografia usaria ele como base nos seus sermões? Nesta perspectiva, talvez este Padre António Vieira da actualidade optasse por defender a união das duas variantes da sua língua, facilitando o entendimento entre os povos. Contudo, receio bem que a sua ideia não tivesse pés para andar: é impossível manipular o léxico de um povo, e sem isto não há união ortográfica que valha a pena. E como defensor dos autóctones, certamente este homem não apoiaria a imposição, quase ditatorial, de uma mudança que acarretaria mais incomodo do que alguma possível vantagem, principalmente se esses povos vivessem num (suposto) país democrático. Mas tudo isto não passa de uma suposição, pura fantasia. Os ícones não voltam... e a realidade actual é bem diferente.
Nesta realidade, um acordo ortográfico é mais do que fantasia e, no entanto, a maioria das pessoas, aquelas a quem foi prometo decisões democráticas, é contra esta tentativa unir as variantes do português existentes por todo mundo. Mais de 70%, fiando-me na amostra de utilizadores deste modesto blog.
Este acordo, que já deveria ter sido definitivamente aprovado no final do passado ano, contínua a gerar conflitos entre aqueles que o apoiam e aqueles que o acusam de inutilidade e desrespeito. Seja como for, a verdade é que ao longo do passado mês a informação sobre este tema foi diminuindo drasticamente, até não ser mais do que um murmúrio. E se chegou a ser tema de debate nas televisões, é só uma questão de tempo para nos ser anunciado, sem mais nem menos, de que já foi aprovado e que o devemos começar a respeitar. Não fosse a nossa mente tão fugaz, e estaríamos hoje, no mínimo, curiosos como o desenrolar desta história. A avaliar pelos quase 10% de desinteressados na matéria (valor que aumentou, progressivamente, ao longo do mês) este assunto há muito passou a ser maçudo.
Mas chega de sermão sobre o Português, nisso Padre Antó(ô)nio Vieira tem muito mais experiência.
Mais sobre Acordo Ortográfico aqui, aqui e aqui.
___________________________________

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Total: 71 respostas
Bons sermões, por que é vida é feita (também) por eles!
Publicado por Fábio J. às 22:53

Um blog sobre livros e afins. A descongelar lentamente...
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O autor deste blog não respeita o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa