Pode parecer que muito tempo já passou, mas foi apenas há cerca de 4 meses que o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa se tornou tema de conversa de muita gente. Polémico e obscuro, o documento será vítima de debate e analise por políticos, escritores, editores e outros intelectuais já amanhã, na Assembleia da República.
No mês passado, o Governo português comprometeu-se a adoptar as medidas adequadas para garantir o processo de transição, no prazo de seis anos, para a aplicação plena das alterações contempladas no acordo, mas para entrar em vigor falta a sua ratificação por parte da Assembleia da República.
É inútil esperar uma outra resolução que não a ratificação e posterior promulgação deste documento. O debate, necessário, não passa de uma acção simbólica que permitirá ao Governo, que ironicamente (e ditatorialmente) já ratificou o Acordo, defender-se de dedos acusadores e vozes descontentes. É a oportunidade de o outro lado opinar, mas parece-me que nesta democracia representativa (termo irónico e contraditório) de nada vale a opinião de quem defende uma solução menos aparatosa e obtusa.
Mas, nesta altura, mesmo aqueles que se esforçam por conhecer o que muda apercebem-se, com estranheza, que não é fácil perceber como passar a escrever correctamente. Esta ignorância colectiva é, aliás, um dos maiores problemas deste documento. Já existem auxiliares linguísticos no novo português, nas pergunto-me se a melhor (e única) solução é ler um dicionário? E serão os 6 anos apontados pelo governo suficientes para que os portugueses passem a escrever, correctamente, as suas cartas para a família, os seus apontamentos escolares, os seus relatórios profissionais (nomeadamente os científicos) ou até os seus textos para os blogues? Hmm
Já há quem escreva (ou melhor, tente escrever) usando a nova ortografia, talvez esquecendo-se que ainda não foi aprovada. Há quem esteja ansioso pela mudança (apenas porque gosta de coisas novas), irá passear-se com os novos dicionários e tentar escrever de acordo com o documento. Há também quem pretenda aguardar os seis anos dados pelo governo, e ir fazendo a adaptação a que é obrigado. E, por fim, há aqueles que prometem ignorar este Acordo sempre que possível, continuando a escrever no actual Português.
Opções à parte, a verdade é que se avizinham tempos decisivos para a nossa língua. Não que se torne mais importante a nível mundial, mas apenas porque se dará uma mudança a sua forma de ser.
O Acordo Ortográfico foi ratificado. Vai aplica-lo? |
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8.62% | Sim, agora |  |
12.06% | Sim, daqui a 6 anos |  |
62.06% | Não |  |
17.24% | Qual acordo? |  |
Amanhã veremos se o debate teve alguma influência no que já foi feito.
Boa semana e Boas Leituras!!!