Julho 21 2008

Ontem, o Câmara Clara, da RTP2, debruçou-se sobre a Língua Portuguesa: o Acordo Ortográfico, a presidência portuguesa da CPLP e a reestruturação do Instituto Camões. O convidado foi José António Pinto Ribeiro, ministro da Cultura. No que toca ao Acordo Ortográfico e às relações entre os países de língua oficial portuguesa, a conversa não trouxe nada de novo, mas não posso deixar de destacar a incapacidade do senhor ministro para justificar o Acordo Ortográfico que, pelo contrário, quase reforçou a incompetência histórica dos governos português e brasileiro e o seu eterno desinteresse pela língua.

O ministro criou mais questões do que aquelas que esclareceu: Será mesmo que com o actual Português não existe entendimento suficiente? Existirá mesmo alguma alteração económica e/ou cultural com este Acordo? Será mesmo que a internacionalização da língua não pode ser feita com a actual ortografia? E será este o último acordo da ortografia portuguesa, tornando-se uma referência que perdurará (como no exemplo inglês ou espanhol)?
Mais uma vez é uma pena o debate só se dar depois da aprovação, ratificação e, há poucas horas, da promulgação feita pelo Presidente da República. Pelos vistos de nada valeram as mais de 80 mil assinaturas do Manifesto em Defesa de Língua Portuguesa e as muitas críticas feitas ao Acordo Ortográfico que, a partir de hoje, faz toda a lógica começar a aplicar.
P.S.: Nota para o comentário feito pelo ministro da Cultura, no mesmo programa, à quase heróica história de vida de José Saramago. Pelos vistos o Governo quer mesmo fazer as pazes com o prémio Nobel. A conversa pode ser visualizada em Vídeo, seleccionando a data da emissão.

 

Publicado por Fábio J. às 16:21

Julho 16 2008

As férias estimulam o meu diletantismo e, por isso, como tantas outras coisas o blog é abandonado, apesar de andar a trabalhar nos “bastidores”.

Como sempre, continua a leitura, não tão activa quanto gostaria já que ando particularmente cansado, fisicamente desgastado. Apesar disso, leituras recentes, como a actual (Pássaros Feridos de Colleen McCullough), têm-me proporcionado prazeres inesperados e a sensação de revitalização intelectual. São livros que marcam, tornando-se referências pessoais. Mas será, alguns deles, o livro da minha vida?

Apesar do meu gosto pela leitura, ou talvez graças a ele, não consigo eleger o livro. Existem vários que, pelas suas especificidades, se destacam, contudo não consigo comprometer-me inteiramente com nenhum. È óbvio que existem histórias e autores, mas não um objecto definido. Melhor! Continuarei à procura, lendo. Quem sabe um dia...

 

Tem algum "livro da minha vida"?
 
57.14% Sim
23.8% Não um, vários
19.04% Não

 

Total: 42 respostas

 

Memoráveis leituras!

Publicado por Fábio J. às 00:03
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Julho 10 2008

Existem livros cuja descrição se baseia num simples e enigmático adjectivo: diferentes. Diferentes em quê? Neste livro, a diferença está, essencialmente, na forma descritiva, distinta do padrão literário que perigosamente se tornou regra.

Quanto ao autor, imaginava-o estranho, alternativo, quiçá até um pouco psicadélico. E apesar de tudo se ter confirmado, Alan Moore mostrou-se ainda mais surpreendente.
A Voz do Fogo é um livro de contos. Doze contos distintos, com doze datas e doze personagens distintas. Doze contos unidos por um local, por tradições e visões, por luxúria e loucura, e pelo fogo. Doze contos que, embora dispersos numa escala de 6 mil anos, não passam de perspectivas de uma mesma história.
4 mil anos antes de Cristo, um jovem rapaz perde a mãe é expulso do seu bando. Assim nasce o primeiro conto (ler excerto), de todos o mais difícil de ler, devido à linguagem rudimentar, conto que é também a base para tudo o que se segue. É nele que muitos dos elementos comuns a toda a obra têm origem: estranhos cães pretos, pernas aleijadas e decepadas, cabeças degoladas, danação e mentiras...
Desde o primeiro conto, a sensação é a de admiração. Admiração pela simplicidade das histórias que, no entanto, se revelam incrivelmente imaginativas. É como se sempre soubesse que elas existiram, como se apenas as estivesse a reviver, tal é a sua compatibilidade com o mundo real.
No fundo, parece que a particularidade de todas as histórias resulta do próprio espaço geográfico, Northampton, local onde habita o próprio autor e que é o mais directo mote do capítulo final, por este protagonizado. A este local real junta-se a realidade de várias personagens e situações, de tal modo que ficção e realidade se desenvolvem em perfeita simbiose.
Por vezes o autor é demasiadamente (e propositadamente, diria) confuso o que não constitui um ponto a favor. Ainda assim, a leitura não é, de todo, monótona, já que somos repetidamente surpreendidos por bizarros acontecimentos, narrados de uma forma muito diversificada mas sempre alternativa e dinâmica.
O livro ideal para quem quer experimentar algo positivamente diferente.

 

 

 A Voz do Fogo de Alan Moore

 

 Boas e diferentes Leituras!

Publicado por Fábio J. às 23:16

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O autor deste blog não respeita o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa