Setembro 30 2008
Quando gosto mesmo de ler um livro, virar a sua última página é doloroso, sufocante. Afinal, durante um determinado período entreguei-me à história e deixei-a guiar-me, calado. Trata-se de uma despedida, muitas vezes cruel. É isso que sinto agora, pois acabei Pássaros Feridos, da autora australiana Colleen McCullough.
Por maior que seja este texto, o livro é eficientemente descrito com um só adjectivo: perfeito. Para fundamentar tal opinião basta-me dizer que desde a primeira à última frase a obra está soberbamente bem escrita e a história é belíssima e envolvente, não havendo nenhum ponto que, verdadeiramente, constitua prejuízo.
A narrativa começa em 1915, na Nova Zelândia, no dia do 4º aniversário de Meggie, o então mais novo membro da numerosa família Cleary. Contudo, é em Drogheda, uma fazenda australiana para onde a família se muda, que esta história se desenvolve. Aí, a jovem Meggie conhece Ralph, um ambicioso padre católico. E se, inicialmente, este pouco mais era do que um tutor e amigo, quando Meggie cresce o sacerdote sofre com o coração dividido entre a ambição pela carreira eclesiástica e o profundo amor que sente por ela.
Embora a fascinante relação entre Meggie e Ralph seja a mais desenvolvida, esta história épica oferece muito mais do que isso; a complexidade das muitas personagens e a forma como interagem deixou-me maravilhado. Trata-se de uma grande história que se desdobra em incontáveis vivencias que, por si só, poderiam originar várias obras, todas elas interessantes.
As três gerações que lhe dão vida completam-se e reforçam contrastes, tornando-a, também, numa saga familiar, na qual os erros e traumas dos mais velhos influenciam os mais novos, como um ciclo natural.
A história é contada com extrema sensibilidade e mestria, embelezada com soberbas descrições e apoiada por uma interessante contextualização histórica. Para além de tudo isso, penso que sejam o ritmo da narração, os diálogos sinceros e o estilo simples e cativante que fazem desta obra uma obra-prima.
Nunca pensei vir a gostar tanto de um romance deste género. Foi uma surpresa verdadeiramente positiva. Um livro para ler, reler e voltar a ler.
Pássaros Feridos de Colleen McCullough
Boas Leituras!
Publicado por Fábio J. às 21:32

Setembro 25 2008
Faltam poucas horas para o lançamento de Brisingr, de Christopher Paolini. A obra dá continuidade ao mundialmente conhecido Ciclo da Herança, do qual fazem parte Eragon e Eldest.
A sua versão original foi apresentada mundialmente no passado dia 20, nos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido, tornando-se o livro que mais exemplares vendeu nas primeiras 24 horas, em 2008, neste último país.
Os tradutores portugueses começaram a tradução no início de Julho, um período limitado para uma obra cuja versão portuguesa terá 832 páginas, pouco mais do que Eldest, mas bastante mais do que eu esperava, já que esta não deixa de ser a primeira parte do último livro da trilogia.
Enquanto o livro não chega, aqui fica a sinopse:
Juramentos prestados... Lealdades testadas... Forças em colisão.
Na sequência da batalha colossal nas Planícies Flamejantes contra os guerreiros do Império, Eragon e o seu Dragão, Saphira, escapam com dificuldade.
No entanto, o Cavaleiro e o Dragão ainda terão de se deparar com inúmeros desafios… Eragon vê-se enredado numa série de promessas que poderá não conseguir cumprir. O juramento ao seu primo, Roran, no sentido de o ajudar a resgatar a sua amada Katrina das garras de Galbatorix.
Todavia, Eragon deve lealdade a outros também. Os Varden precisam desesperadamente dos seus talentos e da sua força, tal como os Elfos e os Anões. E, logo que a inquietação assalta os rebeldes e o perigo espreita em cada esquina, Eragon terá de fazer escolhas que o levarão a atravessar o Império, viajando muito além. Escolhas que o poderão submeter a sacrifícios inimagináveis…
Eragon é a grande esperança para libertar o reino da tirania.
Conseguirá este rapaz, outrora um simples camponês, unir as forças rebeldes e assim derrotar o rei?
Relembro que, esta noite, a obra será apresentada no Castelo de S. Jorge, em Lisboa, e no átrio da Biblioteca Municipal da Póvoa de Varzim.
Já falta pouco para os fãs portugueses satisfazerem a sua curiosidade. Um novo romance de fantasia épica está prestes a chegar...
Brisingr de Christopher Paolini
Fantásticas Leituras!

 

Publicado por Fábio J. às 19:15

Setembro 24 2008
Amadeu Baptista tem sido destaque pelos diversos prémios e distinções que recebeu nos últimos tempos, entre os quais se destacam o Prémio Nacional de Poesia Sebastião da Gama, o Prémio Nacional de Poesia Natércia Freire, o Prémio Literário Florbela Espanca, o Prémio Internacional de Poesia Palavra Ibérica, o Prémio Literário Cidade do Funchal e o Prémio de Poesia Espiral Mayor (Espanha).
Recentemente a Cosmorama Edições editou três obras do poeta português: O Bosque Cintilante, Sobre as Imagens e Poemas de Caravaggio. Amadeu Baptista tem percorrido o país a divulgar a sua obra e estará amanhã, pelas 18h30, na Fnac Chiado, para apresentar os seus mais recentes livros de poesia.
Aqui fica a notícia mas, sobretudo, o nome de um dos grandes vultos da poesia nacional, um género com verdadeiros mestres no nosso país mas que, apesar disso, não é devidamente apreciado.
Para lhe fazer justiça, basta lê-lo, basta ler poesia.
O Bosque Cintilante de Amadeu Baptista
Publicado por Fábio J. às 22:02

Setembro 22 2008
Estive há pouco a ler o que escrevi, no início do ano, sobre o Codex 632, de José Rodrigues dos Santos. Fi-lo para poder comparar esse livro com o que agora acabei de ler, A Fórmula de Deus, do mesmo autor, e surpreendi-me com algumas observações que fiz e que já mal recordava.
Enquanto que o Codex 632 se desenvolve em torno de factos históricos, no livro que o seguiu o autor baseou-se em teorias e hipóteses científicas para explorar uma possível área de aproximação entre ciência e religião. Como resultado surgiu um romance bem estruturado e mais cativante do que o anterior. O drama familiar do protagonista, Tomás Noronha, também se conjuga bastante harmoniosamente com a acção principal, completando-a, o que constitui uma positiva evolução face ao romance anterior.
Esta história remonta a uma antiga conversa entre Einstein e o então primeiro-ministro israelita, sobretudo acerca de armas atómicas e da existência de Deus, conversa essa secretamente gravada pela CIA. Anos mais tarde, Tomás Noronha, numa visita ao Cairo, é interpelado por Ariana Pakravan, uma cientista iraniana que traz consigo a cópia de um documento inédito, um velho manuscrito de Einstein com um estranho título e um poema enigmático: A Fórmula de Deus.
Depressa Tomás se torna num peão às mãos da CIA e dos iranianos, empurrado pelas intrigas políticas para um jogo que não pode perder. Colocado no centro da crise nuclear iraniana, o historiador português vê-se a par com diversos conceitos e teorias de várias área científicas, principalmente da física e da matemática. Não sei se é por lidar diariamente com alguns daqueles conceitos, mas a verdade é que, a certa altura, achei que autor exagerava nas explicações, tornando-se insistente e um pouco redundante. Momentos houve em que, incapaz de justificar teorias que os próprios físicos não conseguem fundamentar, o autor repetia o que já antes havia dito, fazendo-o vezes sem conta. Apesar disso, sem dúvida o autor sabe usar a especulação científica a seu favor, criando um romance interessante.
A relação com a religião, apesar de tudo, pareceu-me verosímil e a mais interessante. É verdade em que, por vezes, a conjugação de ideias pareceu-me um pouco forçada, mas toda a base mística da obra constituiu uma curiosa oportunidade de reflexão.
No final de tudo, a descodificação da fórmula de Deus, prova da existência de Deus, não foi o clímax esperado, pois, no fundo, não acrescentou nada de novo. Ainda assim, não deixou de ser bastante satisfatória.
Resumindo, acho que autor conseguiu usar a muita informação científica a seu favor, criando uma obra interessante e que valeu bastante a pena ler. Há quem o considere literatura light mas não vejo porquê ir por ai: o livro cumpre o seu propósito e enriquece o leitor.
Agora só me resta ler O Sétimo Selo, que espero que seja ainda melhor.
A Fórmula de Deus de José Rodrigues dos Santos
Boas Leituras!
Publicado por Fábio J. às 22:01

Setembro 21 2008
António Garcia Barreto é um escritor multifacetado, autor de diversos livros para jovens, mas também de contos, novelas e romances, bem como de investigação sobre literatura infanto-juvenil. Recentemente publicou A Mulher da Minha Vida, pela alçada da Oficina do Livro.
A história acontece em Lisboa, nos anos 30, durante a instalação da ditadura e o início das perseguições políticas. Garcia Barreto narra-nos um mistério por resolver e uma história de reencontro com o amor, criando um romance com muito de policial e que promete cativar o leitor do início ao fim. Eis a sinopse:
Eneias Trindade, um inspector conceituado, é escolhido para acompanhar a investigação sobre o avião que se despenha nas Azenhas do Mar. Uma missão que irá mudar para sempre a sua vida.
O que parecia ser um acidente acaba, após testemunhos sobre a existência de um cadáver e um artigo do Repórter X sobre o despenhamento, por se tornar um complicado caso de polícia.
Decidido a descobrir a verdade, Eneias Trindade vê-se envolvido em perigosos jogos de poder e perseguições políticas, é afastado da chefia da polícia e decide mudar de vida tornando-se detective privado. Mas não se afasta do mistério que envolve a queda do avião e da esperança de tentar reencontrar o grande amor da sua vida.
Um mistério que envolve um cidadão inglês de duvidosa reputação. Descrições de época, retrato de uma Lisboa ainda popular à beira de se tornar uma cidade onde o medo se vai impondo, num enredo cativante e uma história sobre a esperança de reencontrar um grande amor.
Reunindo em si as características de vários géneros, e construindo uma história passada neste enigmático período de transição política, acredito que o autor nos apresenta, com esta obra, uma excelente oportunidade de viver uma época e conhecer as mentalidades que a moldaram.
Um romance português que merece a nossa atenção.
A mulher da minha vida de António Garcia Barreto
Links: Blog do autor
Boas Leituras!
Publicado por Fábio J. às 22:15

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