Dezembro 16 2008
Acabei há instantes de ler As Cozinheiras de Livros, da autoria de Margarida Botelho e deixem-me dizer que achei a história deliciosa. Para um amante de livros, a história não podia ser mais interessante.
Nesta história infantil, uma personagem faz uma pergunta fundamental, muitas vezes ignorada: afinal, “de onde vêm os livros?” A resposta encontra-se entre as ilustrações, no seio do épico que qualquer leitor ávido realizaria em busca deste bem tão preciso, fruto do trabalho daqueles que tão sabiamente sabem plantar, colher e cozinhar as letras que, com o tempero certo, dão grandes livros.
Durante os últimos dias, vários os leitores deste blog responderam “e se, um dia, os livros acabassem e não houvesse nada de novo para ler?” Eis a cinco respostas mais originais:
“Ninguém ia saber, porque antes de acabarem os livros, já tinham acabado as pessoas que os lêem... afinal são elas quem os escrevem! Tipo ovo ou galinha: quem nasceu primeiro...” – Cristina Reis
“Não me preocupava porque há sempre algo de novo para ler. Quando relemos um livro descobrimos sempre algo novo que da primeira vez não encontrámos. Penso que nos podemos sempre surpreender ao ler um livro, mesmo que seja pela 10.ª vez.” – Maria Magalhães.
“Se um dia os livros acabassem e não houvesse nada para ler, eu deixaria de ser viciado, dependente e apaixonado de uma boa leitura. A minha vida seria negra e triste, sem magia e brilho, sem o prazer, que quem lê, sabe que existe.” – José Rito
“Eu simplesmente, fechava os olhos e criava um universo só para mim, onde o importante fossem todos aqueles momentos inesquecíveis que vivi quando folheei um bom livro e de que nunca me hei-de separar enquanto viver. Um universo em que os acontecimentos do dia a dia se desenrolassem à cadência viva, do meu herói favorito.” - David Luís
“E se, um dia, os livros acabassem e não houvesse nada de novo para ler? Se acabassem, eu criaria uma irmandade de amigos, amantes de livros tal como eu, e partiríamos, numa demanda fantástica, por encontrar uma solução para este problema, e reinventar uma nova maneira de fazer livros, ou então, caso não encontrasse essa solução, preferia perecer em batalha, com o orgulho de pelo menos ter tentado.” – Sandra Adrião
Os autores de cada uma destas respostas vão receber em casa um exemplar de As Cozinheiras de Livros, de Margarida Botelho, oferecido pela Editorial Presença. Muito obrigado a todos os que participaram e parabéns ao vencedores! Espero que gostem tanto da história como eu…
As Cozinheiras de Livros de Margarida Botelho
Boas Leituras, caros apreciadores de livros!
Publicado por Fábio J. às 16:35

Dezembro 12 2008
Há pouco fui à varanda e surpreendi-me com a luminosidade. Embora o céu não apresente nuvens, embora seja noite de Lua cheia, o tom lácteo era anormal, demasiado especial, demasiado místico. Li, pouco depois, por coincidência, a explicação científica. E logo percebi que, sem ela, a minha imaginação poderia ter construído uma série de hipóteses, de especulações e de fantasias. A fantasia vive de momentos como este: especiais.
Especiais são também as obras de literatura fantástica portuguesas, pela coragem e pela singularidade. Necromancia – Destino do Universo, de Frederico Duarte, foi lançado há já um mês mas só há dias dei por ele, no blog do autor. Proporcionou-se agora, neste dia especial, referir esta obra especial.
A história deste livro dá continuidade à do livro anterior, Avatar, e volta a transportar o leitor para um universo paralelo no qual criaturas fabulosas, espécies híbridas e seres humanos se enfrentam, procurando o domínio supremo. A paz é uma ilusão, e uma guerra é sempre maior do que a anterior. Com os livros, passa-se o mesmo.
Eis a sinopse:
Meio ano decorreu desde a Grande Batalha que libertou Nova. A paz instala-se e o equilíbrio regressa aos poucos. Mas a ilusão é rapidamente destruída: Adina está inexplicavelmente de volta, com um exército mais forte do que nunca. A Terra é o seu alvo, um mundo em que a magia há muito que foi esquecida e que não está preparado para o seu regresso. Mas Nova não está fora dos seus planos e as terras da Aliança sofrem ataques de demónios. Alexis e os seus companheiros são então forçados a pegar mais uma vez nas armas e enfrentar novos perigos para salvar ambos os mundos. Mas esperam-nos grandes surpresas, aliados inesperados e inimigos inimagináveis e a certeza de que qualquer que seja o resultado, nada será como dantes.
A sinopse despertou-me a curiosidade e fez-me querer conhecer a série o quanto antes. A necromancia, a magia, a fantasia, as possibilidades... a vontade de ler.
Aqui fica a sugestão deste livro em português, escrito em português, especialmente para os portugueses. Porque a magia, essa, está sempre presente e mostra o seu poder quando menos se espera, como a Lua.
Fica a sugestão, quiçá para o Natal.
Necromancia – Destino do Universo de Frederico Duarte
Bom fim-de-semana e Boas Leituras!
Publicado por Fábio J. às 22:49

Dezembro 11 2008
Finalmente tenho a oportunidade de aqui mencionar e divulgar um projecto que me parece merecedor de atenção. Quando escrevo projecto refiro-me, mais propriamente, a um livro, um livro com 19 histórias, 19 estilos, 19 autores. Em comum, Viseu e a vontade de escrever
Páginas Lentas reúne, portanto, autores anónimos ou não, com idades, gostos e estilos diferentes, em torno de um sonho: reunir o que de melhor se escreve em Viseu e publicar o conjunto num só livro. Ao leitor é-lhe apenas feito um pedido: que a leitura seja feita lentamente, saboreando cada página.
No blog do livro podem conhecer mais sobre cada um dos escritos e dos escritores. Não posso deixar de destacar Pedro Ventura, autor de Goor – A Crónica de Feaglar (I e II), que, neste livro, retorna ao seu mundo fantástico com um conto a não perder.
Mais uma vez, o projecto parece-me bastante interessante dada a sua originalidade. Quem sabe, a imitar noutras cidades.
 Boas Leituras!
Publicado por Fábio J. às 22:07

Dezembro 10 2008
E se, um dia, os livros acabassem e não houvesse nada de novo para ler?
A resposta... a resposta é pessoal e vale um livro!
O blog Os Livros e a Editorial Presença vão oferecer cinco exemplares do livro As Cozinheiras de Livros, história vencedora do Prémio Maria Rosa Colaço, da autoria de Margarida Botelho. Para participar neste passatempo basta responder à pergunta inicial. As cinco respostas mais originais equivalem a um livro.
Eis o podem encontrar nesta história, no mínimo, original:
Escrito e ilustrado por Margarida Botelho, chega-nos um fabuloso livro com uma história original e divertida. Algo de muito estranho se estava passar com os livros e a cidade estava em alvoroço. Seria a crise? Ninguém sabia a resposta, mas a verdade é que não havia livros novos… As pessoas já não sabiam o que mais podiam fazer na esperança de novas aventuras, até já tinham lido todos os nossos livros de trás para a frente, de baixo para cima e até de pernas para o ar… Mas nada resultava. O que teria acontecido à fábrica dos livros? Uma aventura fantástica que nos leva a uma viagem de sonho em que os livros têm um papel fundamental na vida das pessoas.
As Cozinheiras de Livros de Margarida Botelho
Para participar basta enviar a resposta à pergunta inicial para o e-mail livros.blog[at]sapo.pt. Os cinco participantes mais originais recebem o livro em casa, para ler ou oferecer. O passatempo decorre até dia 15 de Dezembro e é válido para residentes em Portugal.
No dia 16 são anunciados os vencedores, que serão contactados e verão as suas respostas apresentadas aqui, no blog Os Livros.
Sejam criativos!
Publicado por Fábio J. às 22:17

Dezembro 07 2008
Nem todos os livros têm de apresentar um estilo insólito para serem bons livros. Nem todos os livros precisam brilhar para agradar ao leitor. E nem todos os livros precisam ser o melhor livro para valerem a pena serem lidos. A prová-lo está O Homem Duplicado, um romance de 2002 da autoria de José Saramago.
Alguns capítulos depois de ter começado a ler o livro senti uma certa desilusão. Ao contrário dos livros que já li do autor, O Homem Duplicado parece um romance comum, com evidente excepção para o estilo pessoal e único que caracteriza o autor. A narrativa continua a ser muito bem contada e a criatividade proporcionadora de um contentamento completo mas, há quase sempre um mas, a história parecia-me um tanto ou quanto monótona, pese o facto de ser tudo menos trivial.
O homem que dá vida a esta história, ou pelo menos o primeiro, chama-se Tertuliano Máximo Afonso, nome “rançoso e malfadado”. É professor de História do secundário e tem uma vida monótona, sem muito interesse. Quis o destino, ou seja lá o for, que um colega, professor de matemática, lhe recomendasse um filme para o libertar do marasmo constante. E nesse momento o destino de Tertuliano, destino que em cima referi, foi decidido. Nessa noite, em casa, após ver o filme e se deitar para dormir, acorda repentinamente, sentindo um intruso em casa. Levanta-se e dirige-se à sala, onde havia visto o filme, revendo-o. E, então, “levantou-se da cadeira, ajoelhou-se diante do televisor, a cara tão perto do ecrã quanto lhe permitia a visão, Sou eu, disse, e outra vez sentiu que se lhe eriçavam os pêlos do corpo”.
O protagonista descobre, portanto, que existe um homem exactamente igual a si, algures e, por mais que tente esquecer tal facto, será incapaz de lutar contra a necessidade de conhecer esse outro homem em tudo semelhante a si. Assim começa a busca de Tertuliano Máximo Afonso.
Embora a história se desenvolva de uma forma, a meu ver, um pouco lenta, sem acção, a verdade é que a certa altura senti o desequilíbrio de Tertuliano a atingir-me. Não há loucos nesta estória, mas há um tom de loucura que me assustou, como se o mundo que conheço fosse, todo ele, um grande palco de circo. E os palhaços assustam-me...
Depois de um progresso pouco interessante, a narrativa torna-se, na parte final, assombrosa. Confesso, não tenho porque não o fazer, que me apeteceu chorar perante a resolução da história. É caso para dizer que, calmamente, Saramago cria um universo e um grupo de personagens aparentemente comuns mas que, precisamente devido a tal aparência, se vêm a mostrar admiráveis.
A identidade humana, a nossa interdependência, os valores e as razões da vida são apenas alguns dos conceitos em jogo.
Embora dos três que até agora li este seja o que menos gostei (?), é neste livro que Saramago mostra o seu estilo de uma forma pura, surpreendendo-me, mais uma vez, com a genial capacidade para narrar e interagir com o leitor.
Não o recomendo como primeira abordagem ao autor, mas para quem já leu outra obras do Nobel português este livro é obrigatório.
 
O Homem Duplicado de José Saramago
 

Boas Leituras!

Publicado por Fábio J. às 23:33

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