Quantos mais exemplos vejo mais acho que algumas séries de literatura fantástica apenas alcançam o sucesso, ou não, devido ao tempo decorrido entre o lançamento dos diversos volumes. É que, lendo o que escrevi acerca de Eragon e Eldest, percebo que o Ciclo da Herança, de Christopher Paolini, já não me entusiasma tanto como noutros tempos.
O mais recente livro deste ciclo, Brisingr, revelou-se uma obra demasiado mediana, demasiado previsível e demasiado concentrada em pormenores. Não foi uma desilusão nem uma leitura desprovida de qualidades mas, com 800 páginas e dois livros precedentes aos quais compará-lo, esperava muito mais.
O volume anterior terminou com uma batalha épica e o reencontro dos primos Eragon e Roran. Muitas questões foram deixadas no ar e esperava que os volumes seguintes trouxessem as respostas. O que não esperava é que o autor se sentisse tão forçado a dá-las, facto notório pelas inúmeras situações descontextualizadas por ele criadas para explicar pormenores com pouca importância. Fiquei ainda com a sensação de que este livro serve apenas para esclarecer os mistérios dos volumes precedentes e preparar a vinda do último, pois a evolução da história e da intriga propriamente dita quase não existe.
Ainda assim, existem momentos de acção e algumas revelações que justificam a leitura desta obra. Seja em Surda, em Farthen Dûr ou Ellesméra, com as aventuras de Roran ou os desafios de Eragon e Saphira, é possível reencontrar a criatividade do autor e voltar a ser arrebatado pelos detalhes que fizeram milhares de leitores querer acompanhar a demanda do jovem rapaz que encontra um grande ovo azul.
O tom épico, a magia, as batalhas e as personagens tão familiares, mas ainda surpreendentes, fizeram-me continuar a ler atentamente cada página, mesmo com o lento desenvolvimento da acção. Os pontos fortes da demanda de Eragon mantiveram-se, mas foram muito pouco explorados.
Não diria que o estilo do autor mudou, mas neste livro as suas intenções foram diferentes: ao invés de contar uma nova história ele limitou-se a justificar ou concluir o que iniciou nas primeiras obras. Tal permite aos fãs compreender muito melhor a Alagaësia, os seus habitantes e os desafios de Eragon, mas resultou num livro pouco estimulante.
Se vale a pena ler? Sim, diria que sim, mas sem demasiadas expectativas. Quanto a mim, resta-me esperar pelo próximo volume que, espero eu, só poderá ser melhor do que este, dando uma conclusão justa a esta grande aventura.
Brisingr de Christopher Paolini
Boas Leituras!