Toda a poesia é luminosa, até a mais obscura. O leitor é que tem às vezes, em lugar de sol, nevoeiro dentro de si. - Eugénio de Andrade
Hoje, 21 de Março, começa a Primavera, a estação do reflorescimento, de um novo início, do amor, dos poetas… Talvez por isso se assinale o Dia Mundial da Poesia, segundo a UNESCO.
Não vou fingir ser um assíduo leitor de poemas. Tenho os meus dias. Mas gosto, e pergunto-me se a poesia não é, justamente, um lugar seguro nos momentos perigosos; ou uma oportunidade para sentir pelas palavras dos poetas o que de outra forma se retém nas sombras do quotidiano.
Costuma-se dizer que somos um país de poetas, que na nossa língua existem poemas sem igual e, no entanto, os factos deixam transparecer uma realidade menos poética, se me é permitido o paradoxo.
Quantos volumes de poesia lemos no passado ano? Quantos poemas? A resposta não interessa, porque amanha tudo continuará igual. Ainda assim, vale a pena dedicar um pouco do nosso tempo à poesia, ouvindo-a, por exemplo, ou optando por ler um clássico, ou uma das novas vozes poéticas nacionais. O que não faltam são possibilidades.
A antologia Poemas Portugueses, recentemente publicado pela Porto Editora, reflecte a pluralidade das criações poéticas no nosso país. Contudo, de nada servem os títulos se não fizermos deles mais do que palavras. Por essa razão, fica aqui registada a vontade de, no próximo ano, escrever sobre os mais poemas que li, ao invés dos que poderia ter lido. A poesia merece-o.
Na lírica, cada verso é um fôlego dado na travessia dum oceano, oceano esse que contamina todo o ser e o transforma, levando-o para um lugar onde nem corpo nem mente são concretos e para onde as ondas das palavras chocam com a praia mais surreal, mais incrível ou mais terrível.
Dor e prazer, amor e ódio, luz e trevas. Cada estrofe é a montanha que segura o céu e nos tapa o horizonte, só para depois o vir mostrar, com espantosa perfeição.
Até Breve!