Segunda-feira tem sido o meu dia de eleição para fazer textos errantes para este blog, textos sem uma grande linha orientadora e nos quais dou a minha opinião sobre algo do mundo literário que vagueia pala minha mente. Hoje não será excepção.
Os mais atentos devem já ter reparado que neste momento leio O Mistério da Atlântida, uma história que mistura varias ciências e teorias, sendo que todas convergem para um único ponto: a descoberta da mítica Atlântida. Vou a meio da história e estou bastante entusiasmado com o seu desenrolar intenso e bastante persuasor.
Quando falo em persuasão refiro-me à credibilidade que, ilusoriamente, muitos livros, principalmente romances históricos, transparecem aos seus leitores. No envolvimento que com um livro, durante a ligação entre livro e leitor, no qual ambos se fundem e são um só, tudo parece real, por mais fantástico e inacreditável que seja. O único problema aparece quando, fora dos momentos de leitura, a nossa racionalidade confunde a ficção com a realidade.
Desde o já tão referido O Código da Vinci que um novo género de romances tem crescido rapidamente: os romances históricos. Estas histórias não se limitam a transparecer a imaginação, usam também factos reais do passado, ou teorias acerca de episódios menos claros e mais lendários. Muitas vezes são nos dadas provas, totais ou fruto de ligações supostamente lógicas, que não parecem ser questionáveis, e mesmo quando nos é dito que tudo presente no livro é pura imaginação do autor, a história é construída sobre bases tão firmes e afirmativas que ficamos na dúvida.
Narrações sobre a vida de Cristo e a religião, a origem da Atlântida, a história do rei Artur, a queda do Império Romano ou os próprios descobrimentos portugueses, têm sido base de muitos destes romances.
O que me fez pensar é que, se até à algum tempo se dizia que ler, nomeadamente livros com fundos históricos ou científicos, aumentava o nosso intelecto, não sei se com tantos factos a parecerem verdadeiros e a serem falsos não estaremos perante uma leitura com consequências não tão felizes.
Não quero com isto dizer que ler confunde ou prejudica os nossos conhecimentos, longe disso. Apenas chamo a atenção para esta corrida feita por muitos autores. Uma corrida em busca de factos arrebatantemente credíveis e com uma poderosa façanha de marketing.
Esta mistura de histórias reais com estórias imaginadas é sem dúvida fascinante e muito interessante, resultando em obras, muitas vezes, de alta qualidade. Só me pergunto até que ponto estaremos nós preparados para sermos bombardeados com informação científica e histórica errada, sendo que em muitas áreas nunca teremos oportunidade de nos corrigirmos.
São verdades falsas que percorrem e satisfazem as nossas mentes.
Até Breve e Boas Leituras.