Ainda pouco tempo passou desde o final das férias de Verão e eu já conto as semanas que faltam para as de Natal. E agora que o trabalho se começa a acumular, nem os fins-de-semana prolongados proporcionam grandes momentos de descanso.
Mas para a leitura há sempre um pouco de tempo, e quando leio
Goor – A Crónica de Feaglar I, esse é sempre bem passado. A história está a revelar-se surpreendente e a expressividade do autor deixa bem claro que me refiro a um escritor português. Por melhor que sejam as traduções, apenas uma obra nacional consegue usar a nossa língua duma forma tão completa e expressiva, marcas que
Pedro Ventura demonstra saber concretizar.
Talvez Goor e o seu autor não sejam conhecidos de todos. É-nos impossível, enquanto humanos, conhecer tudo sobre determinada área, mas acredito que, no caso dos livros, existem factores importantes no que toca ao destaque que cada obra. Um deles é a editora.
Em Novembro do ano passado,
questionei os visitantes deste blog sobre “a primeira coisa tida em atenção num livro desconhecido”. A editora foi a opção menos votada mas acredito que, embora o leitor não preste atenção à editora, é provável que, imperceptivelmente, só preste atenção ao título, ao autor ou à capa, porque a obra foi lançada por determinada editora.
Sob o meu ponto de vista pessoal, em Portugal, o mercado livreiro está demasiadamente monopolizado. Veja-se o caso complicado entre a Bertrand e várias editoras nacionais. E, depois, analise-se também a quem pertencem a maioria dos best-sellers dos tops portugueses. No fundo, a realidade é que os livros que vemos nas montras das livrarias e nos expositores dos hipermercados não estão lá (apenas) por serem bons, mas principalmente por haver uma grande aposta por parte das editoras em obras e autores que lhes parecem rentáveis. Chamar-lhe-emos marketing, pois no fundo é isso que este “jogo” é. Lembram-se de A Guerra dos Tronos e da sua promoção? O seu lançamento já foi apelidado como “a maior promoção do mercado editorial” em Portugal.
A verdade é que existem editoras de grande êxito, tanto por editarem bons livros, como por tornarem em sucesso um livro que à partida não se destacaria. Utilizando uma série de estratégias, existem editoras que transmitem confiança ao leitor e chegam a ser, para alguns, sinónimo de qualidade. Existem pessoas que, por exemplo, completam colecções inteiras de determinada editora: no final de contas, vão estar a ler livros bons e alguns menos bons que a editora soube enquadrar e tornar apelativos.
O ideal seria que o mais importante fosse a qualidade, mas não me choca saber destas jogadas comerciais. Para o bem ou para o mal, existe um mercado livreiro no qual se vendem mercadorias, neste caso os livros, em troca de dinheiro. É, portanto, normal que as editoras queiram vender.
Mas é fundamental não esquecer as pequenas editoras, desconhecidas da grande maioria das pessoas e que, ou por editarem um género com menos tradição em Portugal, ou simplesmente por seguirem uma linha diferente na divulgação e lançamento dos seus autores e obras, acabam por ser deixadas de lado, tendo por vezes, sob a sua alçada, verdadeira pérolas literárias.
Seja como for, e independentemente da editora e da razão pela qual nos interessamos por um livro e nos decidimos a lê-lo, enquanto leitores é essencial exigirmos qualidade e procurarmos livros que sejam mais do que peças neste enorme jogo real.
_______________________________
54.76% | sim | |
7.14% | também. | |
38.09% | o que interessa são os livros. | |
Até Breve e Boas Leituras!