Há já alguns dias tentava publicar sobre determinados assuntos, mas a sempre presente falta de tempo não o permitiu. Tentarei ainda este fim-de-semana publicar sobre algo que me anda a chocar, mas não agora, não neste post que trata dum tema muito mais agradável.
Se bem se lembram, há algum tempo atrás escrevi, aqui, sobre o lançamento do primeiro livro d’As Crónicas de Gelo e Fogo e as promoções em torno dele. Achei-as realmente boas, e como todos nós sabemos a literatura não é um produto dado (nem propriamente barato), portanto, aproveitei e adquiri o primeiro livro.
A editora usou as tradicionais críticas (positivas) feitas por vários jornais, sites e até escritores para promover a obra, chegando mesmo a colocá-las na sua capa. E com frases como “a melhor fantasia dos últimos 50 anos” na capa, as expectativas tornaram-se elevadas. Pois bem, não poderei confirmar a veracidade da frase, porque não sou especialista, mas nem por um momento A Guerra dos Tronos me desiludiu, muito pelo contrário.
Apesar da série ser classificada como de fantasia, neste primeiro livro George R. R. Martin não a apresenta nem a usa; faz apenas algumas sugestões, através de alguns deslumbres que fazem antever elementos do fantástico. Neste livro encontramos uma verdadeira teia de intrigas e conspirações em torno dum trono e do poder, de tal forma que quase o poderíamos classificar como um “romance histórico não baseado na realidade”, embora altamente realístico.
Desde logo o autor marca a diferença: os capítulos, ao invés de numerados ou titulados de acordo com a narrativa, apresentam o nome duma personagem, personagem essa que passa a ser como que o protagonista da narrativa. Mas não se pense que isto a torna confusa: desta forma, a história é-nos apresentada sob várias perspectivas e a narrativa torna-se dinâmica e atractiva.
A história passa-se nos Sete Reinos, uma terra unida pela guerra, durante uma frágil paz conseguida à custa dum regicídio que acabou com uma antiga dinastia. Mas a ambição pelo poder é grande e há quem esteja disposto a muito para o alcançar. Quando a Mão de Rei é assassinada, Eddard Stark, protector do Norte, é convidado pelo próprio rei a assumir o prestigiado cargo. Aceita-o, pois desconfia ter sido a própria rainha a envenenar o antigo detentor do cargo. É então que se coloca a si e a toda a sua família em perigo.
Enquanto isso, do outro lado do mar estreito, os descendestes da antiga dinastia começam a reunir forças, preparando o seu regresso.
Sem divagações mas com uma pormenorização arrebatadora, desde logo a narrativa prende o leitor, fazendo-o extasiar face à complexa acção que cruza personagens bem construídas, numa acção muito bem orientada, com um discurso muitíssimo apropriado e coerente.
George R. R. Martin mostra-se um “senhor escritor”, um mestre, autor duma genial obra criativa que está longe de qualquer cliché e influência. Sem rodeios mata uma personagem, ou duas ou sejam quantas tiverem de ser. O que importa é surpreender, chocar, arrebatar, e isso ele fá-lo como ninguém.
Tão soberbamente construída, a história leva-nos com ela e em menos de nada acabou. O fim é de cortar a respiração, quase desesperante, e o excerto d’A Muralha de Gelo, o próximo volume, aumenta ainda mais a ansiedade. Sem dúvida alguma, um dos enredos mais bem construídos e viciantes que já li. A continuação da série é obrigatória.
Recomendo a toda a qualquer pessoa. E já agora, mal posso esperar para ver a adaptação televisiva que está a ser produzida pela HBO...
A Guerra dos Tronos de George R. R. Martin
Bom fim-de semana e Boas Leituras!