Janeiro 24 2008
Muito se tem especulado, inclusive aqui neste blog, sobre o valor do sector literário, não a nível cultural ou social, mas a nível financeiro. Estratégia, marketing, zelo profissional, enfim, são várias as causas possíveis para o silêncio das editoras no que toca aos números, sejam eles lucros ou vendas. No entanto, esta tendência parece estar a mudar. Será apresentado, amanhã na Biblioteca Nacional, o “mais exaustivo inquérito ao sector do livro”, encomendado pelo Ministério da Cultura e realizado por oito investigadores ao longo do último ano. Este estudo fará um levantamento das tiragens dos livros, postos de trabalho do sector e adaptação às novas tecnologias. A ver vamos se é desta que fica esclarecido o quão frágil (ou não!) é este sector.
Um dos escritores que certamente passa ao lado de qualquer possível (ou imaginária?) crise do sector é José Rodrigues dos Santos, o popularmente conhecido jornalista português. Há muito namorava a obra que o consagrou como escritor de best-sellers: O Codex 632.
As expectativas eram muitas mas, embora não decepcionante, a obra revelou-se aquém dos vários elogios a ela atribuídos e, verdade seja dita, do que seria de esperar dum livro tão vendido. Não, não o achei mau... simplesmente acho que podia ser melhor.
Há quem apelide o autor de “Dan Brown português”, eu próprio já o fiz e volto a faze-lo, com uma excepção: ambos especulam, ambos baseiam-se em factos e dados incertos, ambos apresentam uma escrita simples, mas José Rodrigues dos Santos brilha e estimula menos.
Como grande apreciador de História Mundial, uma nova teoria sobre a origem de Cristóvão Colombo não podia deixar de parecer mais interessante. Usando Tomás Noronha como um peão num tabuleiro de xadrez, o autor desenvolve uma tese credível mas pouco clara e muito repetitiva sobre a origem do descobridor da América. Conseguiu convencer-me, e até maravilhar-me com tais especulações e factos, mas a maneira como o faz pareceu-me pouco inteligível. Tantas referências, tantas datas, tantos excertos naquela e na outra língua, contribuíam para a confusão. E as descobertas, raramente partilhadas com o leitor, apenas lhe são apresentadas quando o protagonista as compreendeu, fazendo desta tentativa de criar expectativa uma barreira ao entusiasmo.
Paralelamente, acompanhamos a vida familiar do protagonista. E se por um lado esta história secundária dá um novo ritmo à obra, por outro parece-me bastante hiperbolizada. A verdade é que, se inicialmente pouco interesse lhe atribuía, à medida que as páginas iam sendo viradas este enredo começou a chamar-me a atenção, culminando num desenlace emotivo. No fundo, esta sub história serviu de bóia de salvamento a outra principal que apresenta um desfecho pouco animador, apesar de original.
Resumindo: A teoria acerca do descobridor é convincente e bem fundamentada, embora apresentada duma forma um pouco mal adequada a um romance. Apesar das minhas críticas, gostei do livro e pretendo ler os restantes da “trilogia Tomás Noronha”, embora não o vá adicionar à minha lista de favoritos. Por outro lado, a obra serviu para estimular o meu interesse sobre romances que especulam a História da época dos Descobrimentos, uma área bastante desenvolvida na nossa literatura.

O Codex 632 de José Rodrigues dos Santos
Boas Leituras!!!
Publicado por Fábio J. às 23:03


O Autor (Jose R Santos) tem,  na minha opinião, um único bom livro: "A Filha do Capitão"; o resto é literatura comercial, de consumo fácil,  algo mal escrita, sem grande profundidade literária, por vezes a raiar o plágio ("O sétimo selo" é claramente inspirado no "Quinto Dia" - esse sim um grande grande livro) e alicerçada numa máquina comercial e de marketing assinalável ( e também o "apoio" implicito da RTPc e na sua imagem como "pivôt"). Não acho que seja um grande escritor: acertou uma vez na "mouche" (A Filha do Capitão"). Tem o mérito de saber utilizar com mestria a imagem que tem na TV junto do público. Este Codex é fraquinho e muito "tirado pelos cabelos" ...
Joao Silva a 28 de Novembro de 2011 às 16:51

Um blog sobre livros e afins. A descongelar lentamente...
Contacto
Contacto

As mensagens poderão não ser lidas por extensos períodos. Pedidos de divulgação e/ou colaboração poderão não obter resposta.
pesquisar
 
comentários recentes
Olá!Estaria, por acaso, interessado em vender esse...
Muito boa tarde, gostaria de comprar o livro o alq...
O livro pareçeme intereçante eu vou começalo a ler...
Um religioso falando em delírios... chega a ser pa...
-Crónica de uma morte anunciada...vi esse filme em...
arquivos
2015:

 J F M A M J J A S O N D


2014:

 J F M A M J J A S O N D


2013:

 J F M A M J J A S O N D


2012:

 J F M A M J J A S O N D


2011:

 J F M A M J J A S O N D


2010:

 J F M A M J J A S O N D


2009:

 J F M A M J J A S O N D


2008:

 J F M A M J J A S O N D


2007:

 J F M A M J J A S O N D


2006:

 J F M A M J J A S O N D




O autor deste blog não respeita o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa