Passou, esta tarde, na SIC, a final do Campeonato da Língua Portuguesa. Já tinha começado havia algum tempo quando liguei a TV, mas vi um interessante comentário feito pela apresentadora. Aquando da entrada em palco dos finalistas do grupo “maiores de 18 anos”, Barbará Guimarães congratulou os concorrentes e apelidou-os de heróis, por já terem experimentado várias reformas na Língua de Camões. Sem dúvida herói é o que todos somos quando suportamos a legislação da língua e as suas constantes mudanças, continuando, contudo, a escrever um correcto português.
Como imaginei, o debate na Assembleia da República, feito na passada segunda feira, em nada simplificou o problema, e portanto continuamos longe de o solucionar. Pelos vistos a odisseia ortográfica continuará.
A odisseia já dura há décadas, e o mais irónico é que mesmo que este acordo entre em vigor, a língua continuará a ser muito diversificada, mesmo a nível ortográfico. Há vários meses encontrei, no site da Voz de Ermesinde (à partida um jornal dessa localidade), a possível solução para este problema. Entretanto perdi o endereço, mas hoje reencontrei-o e não resisto a partilhá-lo. Transcrevo-o abaixo:
O Português está prestes a mudar... mas não o suficiente.
Aquilo a que se propõe (Protocolo Modificativo do) Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa é uma migalha do que seria uma urgente limpeza de incoerências no que escrevemos. Esteve empatado durante muitos anos e surge agora demasiado apressado, sem ouvidos para diversas entidades que deveriam ser fulcrais na sua elaboração. Não mereceriam estas obras de reparação da Língua Portuguesa aprofundados estudos? Presumo que pelo menos tantos quanto os que já foram feitos (e se farão?) sobre a nova localização do Aeroporto de Lisboa e que envolvessem linguistas com soluções práticas e visões inovadoras que originassem protótipos de uma nova escrita do Português que proporcione uma mais rápida e consistente aprendizagem para um estudante do nosso idioma.
Uma dessas incoerências é a má gestão do nosso alfabeto: as letras S, G e X jamais deveriam alterar a sua verdadeira sonoridade na presença de vogais ou sequer fazer a função de outras letras como nas palavras: "avisar", "sugerir" e "existir", que se deveriam naturalmente escrever: "avizar", "sujerir" e "ezistir". Do mesmo modo: "jerir" e "axar" ou mesmo "ezijir" (porque também não pronunciamos a palavra "exigir" como "ecsiguir").
Se escrevemos "compreensão" porque não escrevemos "compensasão"?
Temos quatro grafias para o mesmo som "sss": C (com "e" e "i"), Ç, S e SS. Também o C de "Cão" e o Q de "Quando" têm o mesmo som – sem contar com o K, cujo uso em SMS é uma moda frívola e parola pois o Q já faz rigorosamente o mesmo.
Se quiséssemos ser realmente coerentes deveríamos até decidir entre o C de "Cão" e o Q de "Quando" – "Qão" ou "Cuando", "Qímiqo" ou "Címico" – e também terminar com U palavras como pratu, garfu, copu, que é como realmente as pronunciamos.
Se o H de "húmido" e o P de "óptimo" vão desaparecer então dever-se-iam também eliminar todas as letras mudas que, até hoje, nos esbanjaram incontáveis instantes de escrita e toneladas de papel & tinta com o seu inútil silêncio. Se inclusão no nosso alfabeto do K, do W e do (regressado) Y se deve ao uso do Inglês então que deixemos também de cercar com "as palavras desta universal língua ou tombá-las com itálico como se fizéssemos questão de salientar que não pertencem à nossa cultura quando, na verdade, cada vez mais o são. Deveríamos sim, importar caracteres de outras línguas que nos ajudassem a eliminar ambiguidades (como as da fonética de "â" e "ã") ou nos permitissem estabelecer uma melhor ponte com o Português Brasileiro.
Num Português limpo poderíamos ter: "sedênsia", "xeqe", "xinezíse", "sicatríx", "ginxar", "gizadu", "sirurjía", "aqeser", "desizão", "qinquajézima", "qiosqe", "jenjíva", "flecsível", "acsílas", "ausíliu", "talvex", "ezijênsia". E levando mais longe: "vejetarianijmu", "isu", "ixtu" i "aqilu"...
UM POSÍVEL
NOVU PORTUGÊS
Segindu alguma desta minha lójica pasu a uma versão primária de um posível novu Portugês. São compreensíveis a estranheza qe se sinta ao ler este teistu i a rezistência a uma ipotética mudansa para esta nova escrita mas a Adaptasãu é uma das faculdades Umanas mais puderozas i admiráveis i u ábitu é cura para muita coiza. Já a pregisa é u contráriu... Se us manuais terãu de ser todus reeditadus qe o fosem entãu pur uma maior razãu, qe não optásemus pela inérsia mas sim pela ezijênsia de uma retificasãu muito mais duradoura.
Parese-me inútil u argumentu de qe estaríamus a perder trasus du pasadu na nosa língua pois u mesmu argumentu surjiu conserteza aquandu das alterasões ortugráficas de 1911, 1931, 1945, etc., i já ningém realmente escreve nu mesmu Portugês dOs Lusíadas, pois nãu?
U valor etimulójicu da nosa língua já está mais du qe rejistadu i au atualizar a nosa escrita estariamus a valorizar ainda mais ese patrimóniu i ese pasadu istóricu tal comu oje admiramus um pergaminhu da era dus Descubrimentus ou mesmu uma mueda de 2$50. Quandu surjiu u Euro foi um drama para muita jente. Nu entantu oje-em-dia axamus esas reasões ilariantes. A aprendizajem deste novu Portugês seria mais fásil pur ser mais lójicu. Pasadas 3 pájinas já u lemos fluentemente i nu final de um livru já não u estranhamus.
Nãu veju porqe a escrita não deva obedecer à forsa da fonética pois é esa sonuridade qe caracteriza u Portugês pur todu u Mundu.
Por: JUÃU D. MARQES *
Aquilo a que se propõe (Protocolo Modificativo do) Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa é uma migalha do que seria uma urgente limpeza de incoerências no que escrevemos. Esteve empatado durante muitos anos e surge agora demasiado apressado, sem ouvidos para diversas entidades que deveriam ser fulcrais na sua elaboração. Não mereceriam estas obras de reparação da Língua Portuguesa aprofundados estudos? Presumo que pelo menos tantos quanto os que já foram feitos (e se farão?) sobre a nova localização do Aeroporto de Lisboa e que envolvessem linguistas com soluções práticas e visões inovadoras que originassem protótipos de uma nova escrita do Português que proporcione uma mais rápida e consistente aprendizagem para um estudante do nosso idioma.
Uma dessas incoerências é a má gestão do nosso alfabeto: as letras S, G e X jamais deveriam alterar a sua verdadeira sonoridade na presença de vogais ou sequer fazer a função de outras letras como nas palavras: "avisar", "sugerir" e "existir", que se deveriam naturalmente escrever: "avizar", "sujerir" e "ezistir". Do mesmo modo: "jerir" e "axar" ou mesmo "ezijir" (porque também não pronunciamos a palavra "exigir" como "ecsiguir").
Se escrevemos "compreensão" porque não escrevemos "compensasão"?
Temos quatro grafias para o mesmo som "sss": C (com "e" e "i"), Ç, S e SS. Também o C de "Cão" e o Q de "Quando" têm o mesmo som – sem contar com o K, cujo uso em SMS é uma moda frívola e parola pois o Q já faz rigorosamente o mesmo.
Se quiséssemos ser realmente coerentes deveríamos até decidir entre o C de "Cão" e o Q de "Quando" – "Qão" ou "Cuando", "Qímiqo" ou "Címico" – e também terminar com U palavras como pratu, garfu, copu, que é como realmente as pronunciamos.
Se o H de "húmido" e o P de "óptimo" vão desaparecer então dever-se-iam também eliminar todas as letras mudas que, até hoje, nos esbanjaram incontáveis instantes de escrita e toneladas de papel & tinta com o seu inútil silêncio. Se inclusão no nosso alfabeto do K, do W e do (regressado) Y se deve ao uso do Inglês então que deixemos também de cercar com "as palavras desta universal língua ou tombá-las com itálico como se fizéssemos questão de salientar que não pertencem à nossa cultura quando, na verdade, cada vez mais o são. Deveríamos sim, importar caracteres de outras línguas que nos ajudassem a eliminar ambiguidades (como as da fonética de "â" e "ã") ou nos permitissem estabelecer uma melhor ponte com o Português Brasileiro.
Num Português limpo poderíamos ter: "sedênsia", "xeqe", "xinezíse", "sicatríx", "ginxar", "gizadu", "sirurjía", "aqeser", "desizão", "qinquajézima", "qiosqe", "jenjíva", "flecsível", "acsílas", "ausíliu", "talvex", "ezijênsia". E levando mais longe: "vejetarianijmu", "isu", "ixtu" i "aqilu"...
UM POSÍVEL
NOVU PORTUGÊS
Segindu alguma desta minha lójica pasu a uma versão primária de um posível novu Portugês. São compreensíveis a estranheza qe se sinta ao ler este teistu i a rezistência a uma ipotética mudansa para esta nova escrita mas a Adaptasãu é uma das faculdades Umanas mais puderozas i admiráveis i u ábitu é cura para muita coiza. Já a pregisa é u contráriu... Se us manuais terãu de ser todus reeditadus qe o fosem entãu pur uma maior razãu, qe não optásemus pela inérsia mas sim pela ezijênsia de uma retificasãu muito mais duradoura.
Parese-me inútil u argumentu de qe estaríamus a perder trasus du pasadu na nosa língua pois u mesmu argumentu surjiu conserteza aquandu das alterasões ortugráficas de 1911, 1931, 1945, etc., i já ningém realmente escreve nu mesmu Portugês dOs Lusíadas, pois nãu?
U valor etimulójicu da nosa língua já está mais du qe rejistadu i au atualizar a nosa escrita estariamus a valorizar ainda mais ese patrimóniu i ese pasadu istóricu tal comu oje admiramus um pergaminhu da era dus Descubrimentus ou mesmu uma mueda de 2$50. Quandu surjiu u Euro foi um drama para muita jente. Nu entantu oje-em-dia axamus esas reasões ilariantes. A aprendizajem deste novu Portugês seria mais fásil pur ser mais lójicu. Pasadas 3 pájinas já u lemos fluentemente i nu final de um livru já não u estranhamus.
Nãu veju porqe a escrita não deva obedecer à forsa da fonética pois é esa sonuridade qe caracteriza u Portugês pur todu u Mundu.
Por: JUÃU D. MARQES *
Sem dúvida que é uma solução radical e em tom de brincadeira, mas no meio de tanta idiotice e obtusidade pergunto-me se não será a opção mais sóbria. Pelu menus esteriamus a escrever tal cumo falamus, i talvez fôse muitu mais fácil universalizar a língua. Enfim, ipotezes á muitas, á e qe ignurar as más.
Boa semana.