Como a maioria daqueles que gostam de ler, também eu já experimentei o outro lado do universo literário: o lado escrita. Uma das incursões criativas que mais prazer me proporcionou, consistiu numa história passada durante o domínio muçulmano na Península Ibérica. O al-Andalus era o ambiente de fundo e a luta entre as duas civilizações dominantes, muçulmana e cristã, parte do mote principal. Acabei por abandonar este projecto, e esqueci-o, até ao dia em que me deparei com A Escrava de Córdova.
Da autoria de Alberto S. Santos, esta obra foi recentemente lançada sob a alçada da Porto Editora e promete dar a conhecer “o ângulo mais brilhante, mas também o mais duro e cruel, da civilização muçulmana do al-Andalus”.
A acção decorre algures no dobrar do primeiro milénio, época de grandes tensões na Península Ibérica. A narrativa revela a mentalidade, a geografia, o quotidiano urbano, as concepções religiosas e a fremente história daquela época, mas, sobretudo, a intensidade com que se vivia na terra onde, mais tarde, nasceram Espanha e Portugal.
Através desta obra seguimos a vida de Ouroana, “uma jovem nobre cristã, filha do Conde Múnio Viegas, primeiro Governador de Anégia e fundador da família dos Ribadouro. Remonta a uma época especial da História peninsular, a da fragilidade dos Reinos Cristãos e do tempo áureo do Califado Omíada sedeado em Córdova, onde governava (em nome do Califa) o seu chefe militar e civil mais conhecido: Almançor.
A Escrava de Córdova entrecruza três culturas e religiões (cristã, árabe e judaica) com um relato de amor intemporal e momentos históricos verídicos ligados à história peninsular, que importa conhecer.”
Talvez esteja a ser influenciado pelo meu gosto por História, nomeadamente a desta época, ou talvez por já ter lido, pesquisado e escrito sobre ela mas, seja como for, esta narrativa parece-me ter um argumento excelente, contextualizado duma forma interessantíssima. Resta saber se o autor domina a arte de contar. Se assim for, pelo menos para aqueles que gostam de um bom romance histórico esta é uma obra a não perder... só me falta vir parar às mãos!
Fica a sugestão.
A Escrava de Córdova de Alberto S. Santos
Boas Leituras!