Depois de um autor português galardoado com o Nobel da Literatura, um autor colombiano galardoado com o mesmo. Crónica de uma morte anunciada foi a primeira obra de Gabriel García Márquez que li, e gostei mais do que esperava.
O título da obra não podia ser mais explícito. Esta obra é uma crónica, uma crónica baseada em acontecimentos passados em meados do século XX, na Colômbia rural. Estruturada como uma investigação jornalística, a obra narra a história do assassinato de Santiago Nasar, injustamente acusado por Angela Vicario de a ter desonrado. Quando, na noite de núpcias, Angela é enviada pelo recente esposo, Bayardo, de volta para a família, os seus irmãos prometem vingar a honra da família ultrajada, e não o tentam esconder de ninguém. Todos os habitantes da aldeia conhecem as intenções dos dois irmãos... excepto Santiago.
O leitor fica a conhecer o destino deste homem logo nas primeiras frases do livro. Apesar disso, os pormenores desta bizarra história surpreenderam-me e a narrativa simples viciou-me. Por diversas vezes o narrador reconta a história, completando-a, desenvolvendo-a, até que o ciclo termina com o momento fatal, o culminar de uma série de peripécias assombrosas.
Ao longo de toda a leitura acompanhou-me a perplexidade. No fundo, esta é uma história sobre a fatalidade, onde costumes e tradições, medos e ingenuidade se misturam, e na qual um homem morre em frente de uma população que nada faz para impedir uma morte anunciada.
A crónica foi muito bem conseguida, muita bem estruturada. Talvez por isso tenha gostado tanto de uma obra que, à partida, me parecia ter uma premissa não muito interessante. Não me arrebatou, nem me despertou a curiosidade para ler outras obras do autor. Contudo, gostei e recomendo.
Crónica de uma morte anunciada de Gabriel García Márquez
Boas Leituras!