Dezembro 20 2008
Sempre fui fascinado por História. O estudo de sociedades, mentalidades e modos de vida diferentes dos actuais são como partes de mundos novos que se apresentavam, fantásticos e ilimitados. Deuses, reis, impérios e culturas inéditas, um sem fim de novidades admiráveis. E o mais incrível, o que mais me faz adorar História, é, simplesmente, saber que todas aquelas histórias ocorreram mesmo, precisamente no planeta em que vivo… assombroso.
A antiguidade greco-latina concentra tudo o que mais admiro. No entanto, existe uma época sobre a qual reconheço saber muito pouco: a queda do Império Romano Ocidental. Havia um sistema político corrupto e medíocre, um poder militar decadente e inimigos selváticos, os bárbaros. Mas, afinal, qual a verdadeira realidade em ambas as partes do conflito? A Espada de Átila, de Michael Curtis Ford, ajuda a responder a esta pergunta, pois descreve a mentalidade romana, o modo de vida dos Hunos e a maior batalha da história – a Batalha dos Campos Cataláunicos.
No primeiro capítulo da obra encontramo-nos no ano 451 da nossa Era. Os feridos estão a ser recolhidos dos Campos Cataláunicos, a planície, na Gália, onde se deu a maior batalha da História, entre romanos e hunos. Mais de um milhão de homens guerrearam-se; as perdas foram demasiadas; mas o general Aécio concentra-se apenas num velho soldado inimigo, recolhido entre os feridos. Esse homem é o único que pode salvar Aécio e toda a civilização romana.
Para percebermos as causas e as circunstâncias de tal batalha, o autor faz-nos recuar vários anos, até ao momento em que o jovem Átila, segundo na pretensão ao trono huno, chega a Ravena, capital do Império Romano Ocidental, e é entregue aos cuidados da corte romana, onde servirá de garantia à submissão huna. Para garantir o bom comportamento do império, os hunos reclamam um jovem, Flávio Aécio, em troca. Cada um dos jovens terá de apreender a viver numa sociedade bastante diferente da sua. Primeiro em Ravena e depois na itinerante capital huna, os jovens tornam-se amigos, como irmãos, mas cada um mantém-se fiel ao seu povo, à sua pátria e aos seus ideais.
Embora o autor narre vários episódios entre os romanos, todos eles interessantes e bastante ricos em pormenores, é na Hunia, a capital do povo huno, um dos apelidados de bárbaros e que, anos depois da batalha descrita neste livro, viria a derrotar definitivamente o Império, conquistando Roma, que se passa muita da acção da obra. É lá que acompanhamos o crescimento de Aécio e onde ficamos a conhecer a lenda segundo a qual, no futuro, a Espada da Dinastia iria parar às mãos do rei dos hunos, concedendo-lhe o poder tão desejado.
Ficção à parte, gostei bastante da descrição deste povo insólito, sem escrita ou cidades permanentes, que passa grande parte do seu tempo montado a cavalo. O autor teve a preocupação de desmitificar algumas das ideias que normalmente se tem em relação a este povo não civilizado.
O livro é um romance histórico militar, já que, a partir de certa altura, toda a narrativa gira em torno da luta entre os dois povos, em torno desta batalha. Contudo, em momento algum me senti incomodado com isso. A história foi muito bem narrada, não havendo descuido nem nas tácticas de guerra nem nas armas utilizadas. Há uma grande dinâmica, e momentos de cortar a respiração.
Gostei particularmente do modo descritivo do autor. Ele sabe seleccionar os pormenores, sabe contar aquilo que vale a pena contar, e sabe combinar os dados históricos, com o lendário e a imaginação. O resultado é um livro admirável, de História e como a História. A vontade é ler mais ficção histórica, nomeadamente aquela escrita por Michael Curtis Ford.
Desculpem o tamanho do texto. História e Literatura combinadas dão nisto.
 
A Espada de Átila de Michael Curtis Ford
Mais informação: Batalha dos Campos Cataláunicos (wiki)
Históricas Leituras!
Publicado por Fábio J. às 19:45

Já tinha lido boas opiniões sobre as obras deste autor, mas ainda não tinha a percepção que este livro específico era assim tão bom...
Obrigada pela opinião ;-)
Vidas Desfolhadas a 23 de Dezembro de 2008 às 20:55

Eu adquiri este livro na promoção 2=3 da Saída de Emergência. Estava curioso, mas não esperava muito do autor. A verdade é que me surpreendi bastante. A forma como ele descreve os acontecimentos é particularmente atractiva.
Quanto ao livro, bem, já me disseram que eu tenho uma queda por guerras, batalhas e conflitos, e talvez por isso tenha gostado tanto deste livro.
Talvez não seja o melhor romance histórico sobre a Roma antiga, mas sem dúvida é uma excelente leitura sobre aquela época, em especial sobre os conclitos com os básbaros.

Até Breve! ;)
Fábio J. a 28 de Dezembro de 2008 às 21:39

também adoro livros que nos transportam para outros tempos

ha ja bastante tempo li um livro que adorei de C. S. Lewis que é No Reino de Glome

um livro que adorei e que se passa na época da grecia antiga. é uma especie de adaptaçao da história grega do cupido e psique. se calhar nao sera muito o seu estilo porque nao tem muita "ficção" mas eu adorei porém infelizmente é um livro que nao se encontra facilmente. pelo menos estava abandonado numa prateleira do el corte ingles e nunca mais o vi quando procuro um livro novo

esse ja ta na minha wish list

excelente blog! parabens!
AndréV a 1 de Janeiro de 2009 às 20:09

Como digo no texto, sou um apaixonado por história mas, por acaso, acho que nunca tinha lido um romance histórico. Contudo, agora já posso dizer que é um género que me agrada bastante.

Lembro-me de ver No Reino de Glome nas montras, e até fiquei bastante interessado por causa do autor. No entanto, hoje em dia os livros são como as revistas ou os jornais: estão pouco tempo nas bancas. Mas eu ainda o hei de ler, se me recordo até é pequeno...

Quanto ao ter ou não muita ficção, não sei se avalio um livro por ai. A verdade é que encontro, ou pelo menos procuro, na leitura uma fuga à realidade, daí a importância da ficção. Mas mesmo A Espada de Átila é baseado em factos reais e eu gostei bastante. E quero ler mais histórico.

Bem, obrigado pelo comentário e pela visita!
Até Breve!
Fábio J. a 1 de Janeiro de 2009 às 23:35


Eu também amo História.
Se puder indicar-me mais livros, vou adorar.

obrigada !!
Denise a 22 de Março de 2010 às 22:20

Livros como este são mesmo fascinante por tudo aquilo que nos podem proporcionar.
Apesar de grande apreciador, não posso dizer ter lido muito. Mas há nomes incontornáveis no género e que eu gostava de experimentar, tais como Steve Saylor, Simon Scarrow, Bernard Cornwell, o próprio Michael Curtis Ford e até a portuguesa Deana Barroqueiro. Mas há muitos mais, para além de todos os ensaios ou obras menos ficcionais...

É uma questão de procurar :)
Boas Leituras!
Fábio J. a 1 de Abril de 2010 às 23:22

Um blog sobre livros e afins. A descongelar lentamente...
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