Hoje nevou. Pela primeira vez, vi neve cair nesta zona. Trata-se de um fenómeno meteorológico inabitual e que, por isso, surpreendeu muita gente. Não durou muito e não causou problemas. Fez-me, no entanto, pensar nas consequências de alterações climáticas duradouras, como o aquecimento global, um problema explorado no último livro que li em 2008.
Em O Sétimo Selo, José Rodrigues dos Santos volta a apresentar como personagem principal Tomás Noronha, especialista em línguas antigas e criptanálise. Apesar disso, o livro trata dois assuntos bastante actuais: o aquecimento global e o iminente fim do petróleo.
Um cientista é assassinado na Antárctica e a Interpol contacta Tomás Noronha para decifrar um enigma com mais de mil anos, um segredo bíblico que o criminoso rabiscou numa folha e deixou ao lado do cadáver: 666.
O mistério em torno do número da Besta lança Tomás numa aventura de tirar o fôlego, uma busca que o levará a confrontar-se com o momento mais temido por toda a humanidade: O apocalipse.
De Portugal à Sibéria, da Antárctica à Austrália, O Sétimo Selo transporta-nos numa empolgante viagem às maiores ameaças que se erguem à sobrevivência da Humanidade. Baseando-se em informação científica actualizada, José Rodrigues dos Santos volta com este emocionante romance aos grandes temas contemporâneos, numa descoberta que poderá abalar a forma como cada um de nós encara o futuro da humanidade e do nosso planeta.
Prepare-se para o choque.
Neste romance, mais um vez o autor conduz o protagonista numa aventura em busca da resolução de um mistério irresolúvel. Apesar de achar que em muitos aspectos este livro supera os dois precedentes, foi, sobretudo, a inutilidade da demanda de Tomás que mais me desiludiu. O professor universitário não é, neste livro, mais do que uma sombra que nos acompanha ao longo da leitura.
A narração da vida pessoal e familiar do protagonista nunca me aborreceu, mas há sem dúvida um progresso neste ponto, muito embora tal possa ter acontecido só pela diminuição das páginas que lhe foram dedicadas. É que a quebra da narrativa principal não é agradável, e o desperdício de páginas com dramas e dilemas banais não contribui, de todo, para o prazer da leitura.
Embora ponha em causa alguns pormenores, a exposição do problema actual com as reservas do petróleo e com aquecimento global pareceu-me bem explorada. Aliás, sendo essa a provável intenção do autor, este é, claramente, um livro que serve o seu propósito. É impossível deixar de concordar com a raiva e alarmismo das personagens. Seja ou não um grande romance, este livro alerta. É verdade que não diz nada de novo, e repito até com alguma frustração: nada de novo, mas aumentou a minha preocupação e fez-me ver quão passiva é sociedade, nomeadamente eu, acerca destes problemas. É preciso fazer mais, e isso está explícito na obra, não fosse esse o mistério a resolver.
Seja como for, trata-se duma leitura interessante e estimuladora, que se lê num fôlego. Gostei do que li, mesmo tendo-me deparado com mistérios que não o eram e com situações previsíveis. Afinal, um livro que me agarrou durante 500 páginas e me avivou a consciência ambiental e social tem, sem dúvida, os seus pormenores notáveis.
Sem dúvida uma boa forma de terminar 2008.
O Sétimo Selo de José Rodrigues dos Santos
Aproveitem o frio para ler...