A Praia mais Longínqua de Ursula K. Le Guin
Boas Leituras!!!
A Praia mais Longínqua de Ursula K. Le Guin
Boas Leituras!!!
Não costumo ver televisão pois o tempo é usado noutras tarefas, mas tenho por hábito, depois do almoço aos fins-de-semana, debruçar-me um pouco sobre os programas apresentados. A dois: oferece semanalmente uma viagem pelo mundo das artes com o Câmara Clara, exibido na sexta e repetido no Sábado. Por vezes, quando a conversa é interessante, observo a tertúlia, nomeadamente quando o tema é o literário.
Hoje, dentre a grande gama de informação interessante houve uma mais insubmissa: um dos convidados destacou a quase sempre trivial e pouco intensa escrita feminina. Não vou aprofundar nem debater o tema mas sim apresentar uma escritora que destroça esta ideia: Ursula Le Guin.
Acabei ontem de ler Os Túmulos de Atuan e, embora o tenha feito duma forma demasiadamente lenta e fragmentada, não deixei de me sentir preso à história, ansioso e simultaneamente receoso de a viver. Tal como em O Feiticeiro e a Sombra, esta autora demonstrou a profundidade das suas palavras, a beleza das suas mensagens metafóricas e o poder das suas personagens.
Nesta história caminhamos com Tenar, uma criança que cedo é separada da sua família e da sua identidade e entregue Àqueles-que-não-têm-nome, ou seja, às forças obscuras dos Túmulos de Atuan. Sendo Arha, a sempre renascida Grã-Sacerdotisa, tem como missão cuidar dos Túmulos e prestar-lhes culto, até à morte do seu corpo. A sua vida não tem mais nenhum propósito para além deste, e Arha cresce querendo apenas servir os seus senhores. Até que um dia percebe que a sua fé é apenas isso, fé, e não o seu destino.
Tentando recuperar a metade à muito perdida do famoso Anel de Erreth-Akbe, Gued, o já conhecido jovem feiticeiro, desloca-se até aos Túmulos e cruza-se com Tenar: o destino desta mudara. Usando toda a sua prepotência socializa com o feiticeiro e percebe que existe uma vasto mundo para além do que ela conhece: um mundo livre.
Intenso e profundo, este é um livro duma beleza extrema. A apresentação do verdadeiro e intenso sentido da liberdade é um ponto forte, mas a coragem e a narração duma fé falsa e absurda também conseguem espantar.
Um segundo volume original e criativo que vem dar mais credibilidade a este intrigante Ciclo de Terramar. Resta-me continuar a ler a saga e assim aventurar-me por mais histórias magníficas.
Os Túmulos de Atuan de Ursula K. Le Guin
Bom fim-de-semana e Carnaval e, claro, Boas e Fantásticas Leituras!!!
Hoje, enquanto estava na paragem a esperar pelo autocarro, depois dum dia de aulas cansativo, eis que reparo num jovem que estava a ler sentado no banco da mesma. Olhei para o livro para tentar visualizar o seu título, mas como o referido jovem estava a lê-lo, mantendo-o aberto, não consegui perceber de qual se tratava. Associei a dois que conheço por capa, mas como não tinha confirmação a minha curiosidade foi, estranhamente, crescendo, e cheguei ao ponto de me inclinar para tentar ver a capa e até, certa vez quando o rapaz tinha o livro semi-fechado, a ir deitar uma pastilha elástica ao lixo para me aproximar mais. Mesmo assim não consegui obter uma confirmação, e ainda agora me sinto curioso por saber de que obra se tratava.
Sei que esta história pode parecer estranha, mas talvez exista explicação. A primeira é que suspeitava ser um livro pelo qual me interesso, mas talvez o facto de não ter, neste momento, nada novo para ler, me tenha aumentado substancialmente a curiosidade.
Ontem acabei de ler O Feiticeiro e a Sombra, de Ursula K. Le Guin, uma obra com poucas páginas mas digna do uso do adjectivo “grande”. É uma obra comparada, por críticos literários, às Crónicas de Narnia ou a O Senhor dos Anéis, mas arriscaria dizer que não tem, de todo, nada a ver, não por ser de menor qualidade, mas pura e simplesmente por ser um livro único, bastante imaginativo e carregado de profundas e tocantes palavras. É daquelas obras onde facilmente encontramos frases dignas de citações e de moldura, frases que precisamos ler duas, três, quatro vezes, simplesmente porque são fantásticas.
Quem já leu Harry Potter ou Eragon vai encontrar alguns termos e definições que se encaixam, mas, não esquecendo que este livro foi escrito nos finais da década de 60, mesmo assim, não irá encontrar qualquer facto que pareça repetitivo ou sem a beleza da primeira vez.
É um livro tocante, ou até, para dizer melhor, chocante, pois a certa altura foi-me difícil perceber se Gued, o nome do herói da história, era um exemplo a seguir, alguém ligado ao bem, ou alguém que transmite todos os males que um ser humano pode ter. Com o desenvolver da história vamos encontrando resposta para todos estes porquês, e embora a história pareça sem rumo, a verdade é que continua, sempre, a caminhar para um marcante final, digno, ou muito melhor, de qualquer clássico do fantástico.
Pode não ter sido o melhor livro da minha vida, mas mesmo assim não o vou esquecer, e quero continuar a ler a tetralogia e ver por que lado de Terramar andará Gued, o poderoso e estranho feiticeiro.
Se poderem, não percam este pequeno grandioso livro.
O Feiticeiro e a Sombra - Ursula K. Le Guin
Até breve e Boas Leituras!!!
Como não há algum tempo referi, estava a acabar de ler O Silmarillion; estava porque já o acabei de ler ontem à noite. Achei a última história tão “deliciosa” que não me contive até a acabar de ler. Esta, Dos Anéis do Poder e da Terceira Era, relata exactamente isso, a origens dos Anéis do poder e o fim da Terceira Era, o que acaba por se traduzir numa introdução e num pequeno resumo à trilogia O Senhor dos Anéis. Gostei de conhecer uma pouco mais da história de Gandalf e do contesto em que este começa a fazer parte da história. Confesso que me agitei quando li um diálogo entre Gandalf e Elrond, um dos primeiros a abrir o filme A Irmandade do Anel, pois “senti” a ligação com o filme e a trilogia, para além de achar as palavras de Gandalf sapientíssimas.
Fazendo a minha sinopse do livro, posso dizer (sem querer ser repetitivo) que nele nos é narrada a história de Arda desde a sua origem (ou até antes dela) até à passagem para a 4ª Era, a mesma que nos é retratada em O Senhor dos Anéis. A descrição de todos os factos é um sopro de genial realismo que nos transporta para a acção e nos faz crer, tal como crianças, que tudo aquilo é verdadeiro.
Nada escapa ao autor e por isso é-nos possível visualizar um mundo completo e profundo, repleto de magia em cada rio, a transpirar paz em cada estrela, com uma alma em cada floresta, mas também com grandes demónios em cada sombra. Neste mundo o tempo não pára, e quanto mais perfeitos os seres se vão tornando mais próximos ficam da imperfeição e destruição.
Tudo é imensamente intenso na história, seja um amor ou uma maldição, uma guerra ou um laço de sangue, e não há tempo que pague estas marcas, pois o próprio mundo muda e adapta-se com a ira dos deuses ou a força das guerras.
É uma história completa mas que pede, no entanto, para ser continuada nas seguintes obras do autor. Foi o primeiro livro de Tolkien que li, no entanto é já um dos que mais me tocou, não pelo sentimentalismo que tem, mas pela força e profundidade das palavras.
Mais uma vez recomendo a leitura deste livro, não só aos amantes do fantástico ou já leitores de Tolkien, mas a todos quantos estejam interessados a ser marcados por este mundo, pois tal como dizia um certo crítico “a leitura encontra-se dividida em duas partes: a daqueles que já leram O Senhor dos Anéis e aquelas que o vão ler”, mas podemos considerar que esta máxima se estende a outras obras do “mestre” como O Silmarillion.
Um livro fantástico!
O Silmarillion - J.R.R. Tolkien
P.S.: Vou começar hoje a ler O Feiticeiro e a Sombra, que sendo uma obra que pouco conheço será uma total surpresa.
Até breve e Boas Leituras!!!