O DN classificou-o como “a última odisseia de um gigante da ficção científica” e certamente a alusão à singular obra deste mestre de ficção científica não podia ser mais apropriada no momento da sua morte.
Arthur C. Clarke faleceu esta terça-feira aos 90 anos num hospital no Sri Lanka, vítima de um problema cardio-respiratório. O escritor britânico, verdadeira lenda da ficção científica, tinha sido hospitalizado várias vezes por insuficiência respiratória desde que celebrou o último aniversário, em Dezembro.
Arthur C. Clarke é para muitos sobretudo reconhecido pelo argumento do histórico filme de Stanley Kubrick, 2001: Odisseia no Espaço (e da tetralogia de romances a que deu origem).
Nascido em Inglaterra a 16 de Dezembro de 1917, Clarke mudou-se em 1956 para o Sri Lanka, onde residiu até à sua morte, aí assinando a maior extensão dos títulos de uma obra que consagra uma visão positiva da presença humana no espaço e reflecte frequentemente sobre a eventual relação do homem com povos alienígenas ou as marcas das suas civilizações.
Pioneiro e visionário da ficção científica tornada realidade, preveu em 1940 a chegada do Homem à Lua e avançou, durante a Segunda Guerra Mundial, a ideia de telecomunicação por satélites geostacionários. Foi, ainda, dos primeiros a levantar o receio de impactes catastróficos de corpos na Terra (no romance de 1993 The Hammer Of God) ou a possibilidade de vida em Europa, satélite de Saturno (em 2061: A Terceira Odisseia, publicado em 1988). Fica por realizar um último sonho: o de receber em vida a prova da existência de extraterrestres.
A História vai recordá-lo, acima de tudo, como um dos mais importantes e aplaudidos autores de literatura de ficção científica que foi dos poucos que à ficção juntou a ciência. De uma carreira com sete décadas, deixa um legado de mais de 100 livros sobre o espaço, ciência e o futuro.
Pode parecer uma afirmação de ocasião, mas há bastante tempo andava a explorar a obra deste mestre. Já não terei oportunidade de o fazer com o autor vivo, mas é confortante saber que aos grandes escritores sobrevive a sua obra e que esta está sempre disponível a ser descoberta pelas novas gerações de leitores.
Acima de tudo, achei necessário não ignorar a grande odisseia literária que foi a vida deste homem e que pode, no entanto, ser ainda explorada.
Grandiosas Leituras!