Falta pouco para estar mesmo livre, sem obrigações. A tarde de hoje foi passada a pesquisar sobre O Silmarillion e Tolkien, uma vez que amanhã é chegado o dia das análises literárias, para a disciplina de português. Como já era de esperar, alguns dos meus colegas ainda não tinham, hoje de manhã, acabado, ou mesmo começado, a leitura das obras eleitas.
Eu esperava encontrar os dados biobibliográficos de Tolkien com muita facilidade, mas isso não aconteceu, uma vez que a maioria dos sites não faz uma catalogação das obras de forma completa. Felizmente também já tenho (várias) notas de opinião sobre a obra tiradas, adivinhem lá, deste blog.
E se são vários os comentários sobre O Silmarillion, os sobre Contos Inacabados de Númenor e da Terra Média também existem. E este post completará mais estes comentários pois, finalmente, depois de um mês de leituras fragmentadas, incompletas e com olhos meios fechados, acabei de ler este livro.
Tal como no primeiro, em Contos Inacabados encontramos histórias das três Eras da mitologia tolkiana. Contudo, enquanto que n’O Silmarillion a narrativa é praticamente contínua e existe uma coerência temporal (mesmo com os diferentes cinco contos que contem), nesta última obra essa linearidade não existe, e os 14 textos apresentados são totalmente independentes.
Muitos destes textos são, como disse inicialmente, incompletos, adaptados ou simplesmente ensaios; e mesmo com a preocupação de Christopher Tolkien em organizar e estruturar a obra para que houvesse uma distinção entre autor e compilador, nem sempre a narrativa foi facilmente interpretada.
Uma das consequências do facto deste livro ser constituído por ensaios é a existência de inúmeras notas. Por vezes, existe uma nota por parágrafo (!), o que me obrigou a repetidas pausas na narrativa. O facto de existir também uma verdadeira demanda a nível da explicação, por parte de Christopher, de dados etimológicos ou históricos dá à narrativa um aspecto, também, menos artístico.
A obra de Tolkien pode até ser associada a elfos e outros seres, mas as histórias de que mais gostei tratavam das relações e das histórias dos homens. Talvez seja porque os homens, tão menores que os elfos em tantos aspectos, se revelem, muitas vezes, mais fortes e corajosos de espírito. Saliento ambas as história da Primeira Era, sobre Tuor e Túrin respectivamente, e também as da Terceira no que toca às relações entre Gondor e Rohan e aos acontecimentos precedentes da Guerra do Anel.
Um novo “achado” nesta obra foi a existência dos Drúedain, um povo com características entre hobbit e anão, embora bastante complexo e pouco conhecido na Terra Média. Histórias como a chegada dos Istari à Terra Média, dos quais Gandalf pertencia, ou a de Aldarion e Erendis de Númenor são também complementos muito interessantes e que contribuíram para a boa apreciação desta obra, embora esta segunda me tenha “enervado” em certas alturas, devido às atitudes das personagens.
Em suma posso afirmar que os contos são um óptimo complemento à obra do mestre, embora seja o livro, no seu conjunto, uma obra pouco articulada e coesa. Se me permitem um conselho, não leiam esta obra sem terem um conhecimento geral de todo o mundo tolkiano, pois estes “contos inacabados” são um aprofundar e não uma introdução.
Contos Inacabados de Númenor e da Terra Média de J.R.R. Tolkien
Mesmo assim é um bom livro.
Boa semana e Boas aventuras literárias!