Março 19 2007

Falta pouco para estar mesmo livre, sem obrigações. A tarde de hoje foi passada a pesquisar sobre O Silmarillion e Tolkien, uma vez que amanhã é chegado o dia das análises literárias, para a disciplina de português. Como já era de esperar, alguns dos meus colegas ainda não tinham, hoje de manhã, acabado, ou mesmo começado, a leitura das obras eleitas.

Eu esperava encontrar os dados biobibliográficos de Tolkien com muita facilidade, mas isso não aconteceu, uma vez que a maioria dos sites não faz uma catalogação das obras de forma completa. Felizmente também já tenho (várias) notas de opinião sobre a obra tiradas, adivinhem lá, deste blog.

E se são vários os comentários sobre O Silmarillion, os sobre Contos Inacabados de Númenor e da Terra Média também existem. E este post completará mais estes comentários pois, finalmente, depois de um mês de leituras fragmentadas, incompletas e com olhos meios fechados, acabei de ler este livro.

Tal como no primeiro, em Contos Inacabados encontramos histórias das três Eras da mitologia tolkiana. Contudo, enquanto que n’O Silmarillion a narrativa é praticamente contínua e existe uma coerência temporal (mesmo com os diferentes cinco contos que contem), nesta última obra essa linearidade não existe, e os 14 textos apresentados são totalmente independentes.

Muitos destes textos são, como disse inicialmente, incompletos, adaptados ou simplesmente ensaios; e mesmo com a preocupação de Christopher Tolkien em organizar e estruturar a obra para que houvesse uma distinção entre autor e compilador, nem sempre a narrativa foi facilmente interpretada.

Uma das consequências do facto deste livro ser constituído por ensaios é a existência de inúmeras notas. Por vezes, existe uma nota por parágrafo (!), o que me obrigou a repetidas pausas na narrativa. O facto de existir também uma verdadeira demanda a nível da explicação, por parte de Christopher, de dados etimológicos ou históricos dá à narrativa um aspecto, também, menos artístico.

A obra de Tolkien pode até ser associada a elfos e outros seres, mas as histórias de que mais gostei tratavam das relações e das histórias dos homens. Talvez seja porque os homens, tão menores que os elfos em tantos aspectos, se revelem, muitas vezes, mais fortes e corajosos de espírito. Saliento ambas as história da Primeira Era, sobre Tuor e Túrin respectivamente, e também as da Terceira no que toca às relações entre Gondor e Rohan e aos acontecimentos precedentes da Guerra do Anel.

Um novo “achado” nesta obra foi a existência dos Drúedain, um povo com características entre hobbit e anão, embora bastante complexo e pouco conhecido na Terra Média. Histórias como a chegada dos Istari à Terra Média, dos quais Gandalf pertencia, ou a de Aldarion e Erendis de Númenor são também complementos muito interessantes e que contribuíram para a boa apreciação desta obra, embora esta segunda me tenha “enervado” em certas alturas, devido às atitudes das personagens.

Em suma posso afirmar que os contos são um óptimo complemento à obra do mestre, embora seja o livro, no seu conjunto, uma obra pouco articulada e coesa. Se me permitem um conselho, não leiam esta obra sem terem um conhecimento geral de todo o mundo tolkiano, pois estes “contos inacabados” são um aprofundar e não uma introdução.

Contos Inacabados de Númenor e da Terra Média de J.R.R. Tolkien

Mesmo assim é um bom livro.

Boa semana e Boas aventuras literárias!

Publicado por Fábio J. às 21:49

Novembro 29 2006

Como não há algum tempo referi, estava a acabar de ler O Silmarillion; estava porque já o acabei de ler ontem à noite. Achei a última história tão “deliciosa” que não me contive até a acabar de ler. Esta, Dos Anéis do Poder e da Terceira Era, relata exactamente isso, a origens dos Anéis do poder e o fim da Terceira Era, o que acaba por se traduzir numa introdução e num pequeno resumo à trilogia O Senhor dos Anéis. Gostei de conhecer uma pouco mais da história de Gandalf e do contesto em que este começa a fazer parte da história. Confesso que me agitei quando li um diálogo entre Gandalf e Elrond, um dos primeiros a abrir o filme A Irmandade do Anel, pois “senti” a ligação com o filme e a trilogia, para além de achar as palavras de Gandalf sapientíssimas.

Fazendo a minha sinopse do livro, posso dizer (sem querer ser repetitivo) que nele nos é narrada a história de Arda desde a sua origem (ou até antes dela) até à passagem para a 4ª Era, a mesma que nos é retratada em O Senhor dos Anéis. A descrição de todos os factos é um sopro de genial realismo que nos transporta para a acção e nos faz crer, tal como crianças, que tudo aquilo é verdadeiro.

Nada escapa ao autor e por isso é-nos possível visualizar um mundo completo e profundo, repleto de magia em cada rio, a transpirar paz em cada estrela, com uma alma em cada floresta, mas também com grandes demónios em cada sombra. Neste mundo o tempo não pára, e quanto mais perfeitos os seres se vão tornando mais próximos ficam da imperfeição e destruição.

Tudo é imensamente intenso na história, seja um amor ou uma maldição, uma guerra ou um laço de sangue, e não há tempo que pague estas marcas, pois o próprio mundo muda e adapta-se com a ira dos deuses ou a força das guerras.

É uma história completa mas que pede, no entanto, para ser continuada nas seguintes obras do autor. Foi o primeiro livro de Tolkien que li, no entanto é já um dos que mais me tocou, não pelo sentimentalismo que tem, mas pela força e profundidade das palavras.

Mais uma vez recomendo a leitura deste livro, não só aos amantes do fantástico ou já leitores de Tolkien, mas a todos quantos estejam interessados a ser marcados por este mundo, pois tal como dizia um certo crítico “a leitura encontra-se dividida em duas partes: a daqueles que já leram O Senhor dos Anéis e aquelas que o vão ler”, mas podemos considerar que esta máxima se estende a outras obras do “mestre” como O Silmarillion.

Um livro fantástico!

O Silmarillion - J.R.R. Tolkien

P.S.: Vou começar hoje a ler O Feiticeiro e a Sombra, que sendo uma obra que pouco conheço será uma total surpresa.

Até breve e Boas Leituras!!!

Publicado por Fábio J. às 18:13

Novembro 27 2006

Estamos a chegar a Dezembro, o mês do Natal, ou melhor, o mês das férias. Não sei se é só comigo, mas já sinto uma grande necessidade de ter férias, passar um tempo sem compromissos, sem horários, enfim, livre!

Mesmo assim, continuo a ler, pois se não o fizesse, aí sim, estaria “cansado”, porque afinal, a leitura é um momento de descontracção.

Tal como há pouco tempo referi, estou a acabar de ler O Silmarillion e decidi retomar a minha “crónica diária” sobre a história. Na verdade já acabei de ler O Silmarillion propriamente dito, e já li também a 4ª história, Akallabêth.

Reparei, agora que li, que afinal existe uma continuação, apesar de não linear, entre A História dos Silmarils e Akallabêth, a história que relata a história de Númenor, a ilha dos grande reis, desde a sua ascensão à sua queda (literalmente), mas talvez o nome com que mais tarde ficou conhecida esclareça mais que tudo o resto: Atalantë.

A escrita de Tolkien é repleta de simbolismo e não é difícil encontrar várias “lições” em cada capítulo. No que toca à vida humana é quase uma manual que lá se encontra, nomeadamente sobre a morte, “a dádiva” como diz Tolkien. Não sei se a morte é uma dádiva, mas depois de ler esta história, obviamente ficcionada, acerca de Elfos e deuses, seres imortais, interrogo-me acerca disto, pois nem sempre a vida eterna é uma graça ou um dom, pois por vezes pode ser um tormento, digo eu.

Adorei o que li até agora e espero que a última historia seja, no mínimo, tão boa como foram estas, que apesar de diferentes, marcaram pela excelência e imaginação. Realmente Tolkien é o “pai” do Fantástico. Quando acabar de ler todo o livro voltarei a falar dele, por agora, fico por aqui.

Fazendo agora um aparte: tenho visto imensas coisas sobre o filme Eragon, a estrear no próximo dia 17, e estou curiosíssimo. Sinceramente não estou a esperar muito do filme, mas quero ver o que vai sair dali.

Boa semana e Boas leituras (para relaxar)!!!

Publicado por Fábio J. às 19:01

Novembro 20 2006

Não tenho actualizado o blog com muita frequência, no entanto, como seria de esperar, os meus momentos dedicados às leituras continuam a dar-me um grande prazer e conforto, então com este tempo frio...

Como já aqui mostrei, o livro que me tem acompanhado nestes últimos tempos é O Silmarillion, do inconfundível Tolkien. Não posso esconder que as primeiras leituras foram um choque, pois grande é a diferença entre a simples (mas sublime) escrita de Paolini e a profunda e complexa (mas não confusa) escrita de Tolkien. São formas de utilizar as palavras e de narrar completamente diferentes, mas acho que as razões saltam à vista...

Este livro que agora me acompanha é composto por 5 histórias, as duas primeiras que servem de introdução (por assim dizer) à terceira, e outras duas que não estão directamente ligadas às outras. São elas Ainulindalë, Valaquenta, Quenta Silmarillion, Akallabêth e Dos Anéis do Poder e da Terceira Era, respectivamente. A maior de todas, também denominada como A História dos Silmarils, é a terceira e a que ando a ler.

Posso, então, falar um pouco das duas primeiras histórias (tentando não fazer spoiler), que se revelaram uma verdadeira surpresa. Nunca, em todo o meu percurso ou pesquisa literária, encontrei uma narração que retratasse, duma forma tão exaustiva e completa a origem de tudo, e quando digo tudo refiro-me a mesmo tudo. Desde um nada até um local habitável, Tolkien narra-nos duma forma mítica e profunda todos os acontecimentos que formaram Arda e os seus transformadores. Todos os passos são contados com uma beleza e simbolismo marcantes, um assombroso mundo de poder e força que me deixou deslumbrado.

Desde o princípio nota-se a grande utilização de sinónimos ou cognomes por Tolkien e não é invulgar encontrar personagens com quatro ou cinco designações, sendo que o autor usa cada uma como bem entende. Isto obriga-me a utilizar um glossário que se encontra no final do livro que faz parte dum conjunto de apêndices, com um total de 50 páginas, onde é possível encontrar desde árvores genealógicas, notas de pronunciação ou um mapa.

Já na história que agora leio, as descobertas foram ainda maiores. Também pela primeira vez li a origem das raças que hoje habitam em tantos livros de fantasia. Sejam os Anões, os Elfos ou mesmo os Homens, todos têm uma origem encantadora e diferente. Foi uma boa maneira de começar uma história tão arrebatadora, pois hoje, mais do que nunca, compreendo as atitudes destas diferentes raças descritas em tantos livros.

Descobri também um lado novo nos Elfos, um lado que desconhecia de todas as histórias que até agora conheço, mas isso é assunto para outro post.

Em breve voltarei para escrever mais um pouco sobre esta história, mas por enquanto posso apenas dizer que estou a adorar. Como estou um pouco doente acabo por aqui, mas volto em breve.

Boa Semana e Boas leituras!!!

Publicado por Fábio J. às 18:46

Setembro 19 2006

Antes de mais desculpem-me por mais duma semana sem publicar, mas para além do tempo ser pouco não tenho estado inspirado, até porque ainda não ando a ler nada.

Estava dar uma vista de olhos sobre as notícias (mentira: procurava uma notícia pequena para um trabalho de escola) e vi um título que me interessou: "Obra de Tolkien concluída pelo filho vai ser publicada". Passo a transcrever a notícia:

"Com base nos rascunhos deixados pelo pai, Christopher Tolkien , de 81 anos, consagrou 30 anos a finalizar "The Children of Hurin ", obra que o autor de "O Senhor dos Anéis" começou a escrever em 1918, mas deixou incompleta.

Embora tenham já sido publicados excertos da obra, só agora ela será dada a conhecer na íntegra.

Do lote de personagens fazem parte os elfos e os anões da Terra Média que aparecem noutras obras de Tolkien .

Para a directora executiva da HarperCollins, Victoria Barnsley, o livro é "uma história épica, com aventuras, tragédia, companheirismo e heroísmo".

"É uma das melhores demonstrações da habilidade de JRR Tolkien como contador de histórias", sintetizou, assegurando que a obra contém uma narrativa tão dramática e poderosa como a de «O Senhor dos Anéis".

Christopher Tolkien dedicou a sua vida ao estudo e à divulgação da obra do pai. Foi ele o responsável pela edição e publicação, há mais de 50 anos, de "O Silmarillion", uma compilação póstuma.

São também da autoria de Christopher os mapas que ilustram "O Senhor dos Anéis"."

O que eu quero tirar daqui é o facto de uma obra escrita por uma pessoa vir a ser finalizada por outra. Eu sei que Tolkien morreu e que obviamente não poderia ser ele a acaba-la, no entanto não sei até que ponto isto não será um plagio, mesmo sendo o filho a acabar a obra do pai.

Ao escrever isto não estou a querer insinuar que a obra será má, mas sim que de certa forma a obra ficará dividida irremediavelmente em duas partes, partes que por mais que se tentem encaixar nunca vão conseguir esconder a linha que as separa. Obviamente o resto da obra escrita pelo filho terá sido muito bem pensado e bem feito mas mesmo assim não existem duas pessoas com a escrita igual.

Bem no meio disto tudo acabei por me baralhar. Dêem a vossa opinião sobre este tipo de situações!

Esperando voltar mais rapidamente, despeço-me desejando-vos umas Boas Leituras...

Publicado por Fábio J. às 18:49

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