O livro Rainha das Trevas completa a Trilogia das Jóias Negras, da norte-americana Anne Bishop. Nos dois primeiros volumes, Filha do Sangue e Herdeira das Sombras, pude conhecer o complexo mundo criado pela autora e acompanhar o crescimento de Jaenelle, a protagonista. Neste último, assisti à derradeira batalha entre o bem e o mal, na qual a coragem e a astúcia dos heróis se revelaram decisivas.
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Passaram alguns anos desde os acontecimentos narrados no volume anterior. As personagens mostram-se agora mais consistentes, com personalidades mais definidas, e as diversas intrigas convergem para o derradeiro fim. Talvez por isso, desde o início, senti os acontecimentos a precipitarem-se, ficando quase tudo esclarecido. Porém, nem sempre com as devidas justificações ou nos momentos mais propícios.Diria até que, enquanto, nos volumes precedentes, havia episódios cujo principal papel era agradar o leitor e tornar a leitura mais interessante, neste a autora não se deixa afastar pela imaginação, restringindo-se, apenas, à conclusão das histórias secundárias e principal. Por um lado, isso resulta num livro menos inovador, mas, por outro, permite uma abordagem mais focada no que realmente interessa, dando resposta a todas (ou quase todas) as dúvidas do leitor.
A história continua, ainda assim, repleta de episódios muitíssimo bem construídos. Não me esquecerei das falas e atitudes de Surreal, que me levaram a gargalhar efusivamente, nem dos combates travados até à morte, tensos e decisivos. E outros exemplos existem, todos eles dando densidade ao enredo principal.
E por referir o enredo principal, não posso deixar de fazer notar que, muitas vezes, os acontecimentos eram previsíveis. Tal poderia ser decididamente negativo, mas a autenticidade com que a narradora nos conta a história, mostrando todo o poder e capacidades das personagens, fez-me esquecê-lo. É que, não deixando de haver personagens claramente idiotas (claramente por vontade da autora), outras há que foram bem manipuladas, dando tudo o que podiam dar (o que nem sempre acontece neste género de obras, onde a magia, por vezes, muita, é quase sempre, e irritantemente, limitada).
Tal como referi em relação aos volumes anteriores, a criatividade bate-se com a falta de fundamentos. Neste terceiro livro, a situação não é grave, embora continue a penalizar o ritmo e compreensão da leitura.
Pormenores à parte, Rainha das Trevas é o meu volume preferido da trilogia, pela sua consistência. Fiquei um pouco desiludido com os capítulos finais, não por decepção, mas por curiosidade e nostalgia. Quando li o primeiro volume, afirmei, num comentário, que depois da trilogia não voltaria a ler mais nada da autora. Agora, a minha opinião é diferente e já tenho Teias de Sonhos debaixo de olho.
Rainha das Trevas de Anne Bishop
Cristina Correia, Saída de Emergência, 2007
Boas Leituras!