Julho 21 2009
O livro Rainha das Trevas completa a Trilogia das Jóias Negras, da norte-americana Anne Bishop. Nos dois primeiros volumes, Filha do Sangue e Herdeira das Sombras, pude conhecer o complexo mundo criado pela autora e acompanhar o crescimento de Jaenelle, a protagonista. Neste último, assisti à derradeira batalha entre o bem e o mal, na qual a coragem e a astúcia dos heróis se revelaram decisivas.
Passaram alguns anos desde os acontecimentos narrados no volume anterior. As personagens mostram-se agora mais consistentes, com personalidades mais definidas, e as diversas intrigas convergem para o derradeiro fim. Talvez por isso, desde o início, senti os acontecimentos a precipitarem-se, ficando quase tudo esclarecido. Porém, nem sempre com as devidas justificações ou nos momentos mais propícios.
Diria até que, enquanto, nos volumes precedentes, havia episódios cujo principal papel era agradar o leitor e tornar a leitura mais interessante, neste a autora não se deixa afastar pela imaginação, restringindo-se, apenas, à conclusão das histórias secundárias e principal. Por um lado, isso resulta num livro menos inovador, mas, por outro, permite uma abordagem mais focada no que realmente interessa, dando resposta a todas (ou quase todas) as dúvidas do leitor.
A história continua, ainda assim, repleta de episódios muitíssimo bem construídos. Não me esquecerei das falas e atitudes de Surreal, que me levaram a gargalhar efusivamente, nem dos combates travados até à morte, tensos e decisivos. E outros exemplos existem, todos eles dando densidade ao enredo principal.
E por referir o enredo principal, não posso deixar de fazer notar que, muitas vezes, os acontecimentos eram previsíveis. Tal poderia ser decididamente negativo, mas a autenticidade com que a narradora nos conta a história, mostrando todo o poder e capacidades das personagens, fez-me esquecê-lo. É que, não deixando de haver personagens claramente idiotas (claramente por vontade da autora), outras há que foram bem manipuladas, dando tudo o que podiam dar (o que nem sempre acontece neste género de obras, onde a magia, por vezes, muita, é quase sempre, e irritantemente, limitada).
Tal como referi em relação aos volumes anteriores, a criatividade bate-se com a falta de fundamentos. Neste terceiro livro, a situação não é grave, embora continue a penalizar o ritmo e compreensão da leitura.
Pormenores à parte, Rainha das Trevas é o meu volume preferido da trilogia, pela sua consistência. Fiquei um pouco desiludido com os capítulos finais, não por decepção, mas por curiosidade e nostalgia. Quando li o primeiro volume, afirmei, num comentário, que depois da trilogia não voltaria a ler mais nada da autora. Agora, a minha opinião é diferente e já tenho Teias de Sonhos debaixo de olho.
Rainha das Trevas de Anne Bishop
Cristina Correia, Saída de Emergência, 2007
Boas Leituras!
Publicado por Fábio J. às 16:16

Março 01 2009
Terminei o meu texto sobre a Filha do Sangue antevendo uma leitura mais agradável no volume seguinte da Trilogia das Jóias Negras. Felizmente a minha previsão concretizou-se, já que a Herdeira das Sombras revelou-se uma obra bastante mais clara e entusiasmante. E se por um lado o conhecimento adquirido no livro anterior foi decisivo para a compreensão da história, por outro parece-me que, desta vez, Anne Bishop dedicou mais páginas à explicação de conceitos e pormenores do seu universo.
No volume anterior Jaenelle, a protagonista da trilogia, passou por uma provação quase fatal que a levou a refugiar-se no Reino Distorcido. Neste volume, acompanhamos a ascensão da jovem que, apesar das dificuldades e dos inimigos que a pretendem usar, consegue não só recuperar mas também tornar-se na rainha mais poderosa, naquela que todos esperavam, desejavam e temiam: a Feiticeira.
Ora, neste livro a criatividade da autora continua a mostrar-se admirável. Surgem várias novas personagens, algumas delas muitíssimo bem criadas, com personalidades e características dignas de referência. Posso até afirmar que assistir ao crescimento dessas personagens consegue ser tão fascinante como assistir ao desenvolvimento de Jaenelle. E já que me centrei nas personagens, vale também a pena mencionar as já presentes no primeiro livro, nomeadamente Saetan e Lucivar, homens sem as quais a poderosa mas instável feiticeira não conseguiria vencer as diversas provações de que é vítima. Lamento o pouco protagonismo que a autora deu a outras personagens com grande potencial, mas ainda assim creio que, em parte, foram as personagens que compensaram os momentos mais monótonos ou desinteressantes da obra.
Para além das personagens, a autora mostra a sua criatividade também nas diversas criaturas inteligentes que nos apresenta. Num universo tão criativo, este era um pormenor que merecia ser desenvolvido e ainda bem que o foi, pois dá-lhe um toque duplamente fantástico.
Quanto à narração e ao estilo, não tenho dúvidas que ler a Herdeira das Sombras proporcionou-me vários bons momentos. Recordo-me de, a certa altura, ter parado a leitura, rindo-me e murmurando “genial, genial!”, tal foi a surpresa e criatividade do episódio. Diria que a história é contada de uma forma mais simples e directa do que no livro anterior, mas existem ainda situações aparentemente supérfluas. Há ainda um tom irónico e bem-humorado que não se destacavam anteriormente mas que, nesta obra, constituem um ponto forte da narrativa.
Trata-se de um romance extenso, dividido em cinco partes. Para lê-lo é necessário ler o livro precedente, embora ler um e ler outro sejam duas experiencias bastante diferentes. Estou bastante curioso em relação ao que possa encontrar no volume seguinte. Afinal este livro não me desiludiu, antes pelo contrário, agradou-me bastante. Se a tendência continuar, o próximo será um livro excelente. A ver vamos…
Herdeira das Sombras de Anne Bishop
Boas leituras!
P.S.: Muitos parabéns aos Blogs do SAPO pelos três anos de existência que hoje comemoram!
Publicado por Fábio J. às 18:50

Janeiro 20 2009
Dentre os livros que recebi neste Natal estão os que constituem a Trilogia das Jóias Negras, de Anne Bishop. Já há muito me interessavam pois, embora inicialmente as premissas não me tivessem aliciado, as opiniões favoráveis e o lançamento de novas histórias passadas no mesmo universo aguçaram-me a curiosidade.
Não me é fácil resumir Filha do Sangue, sobretudo porque demorei bastante a perceber o seu contexto e a entender as personagens, as raças, os locais, o sobrenatural… Para ser preciso, só depois de ler umas 100 páginas consegui encontrar um fio condutor que tornasse a leitura aprazível. Mas mesmo depois de um quarto do livro lido, continuei a achar a história muito pouco fundamentada.
Trata-se de uma história de fantasia negra, com estranhas raças e lugares. O mote da acção é o aparecimento de Jaenelle, uma poderosa mas jovem feiticeira capaz de abalar toda a sociedade. Nesta, o poder está nas mãos das mulheres que, tecendo as suas teias, são capazes de dominar tudo e todos… ou quase. Com os seus extraordinários poderes Jaenelle viaja por várias dimensões, acabando por encontrar alguns daqueles que há muito a esperavam, dentre os quais destaco Daemon, um cobiçado príncipe escravo, e Saetan, Senhor do Inferno, duas personagem bem construídas e que muito contribuíram para a dinâmica da obra.
Quando comecei a perceber um pouco da história não pude deixar de a achar interessante, mas o estilo da autora não me convenceu. Fiquei com a sensação de que a contínuo mistério e a tentativa de surpreender o leitor apenas contribuíram para a confusão daquela. Era tanta informação dada pela metade que, acabado o livro, sinto-me frustrado por não o ter conseguido apreciar por inteiro, por não o ter percebido. É verdade que a fantasia é aqui explorada com grande criatividade, resultando numa história diferente de tudo o que já li, mas tenho dúvidas quanto à sua exposição, pois há pouca clareza.
A história apresenta, também, um tom muito sensual, não fosse a sociedade descrita dependente do prazer carnal. Mas se numas vezes esse tom propicia uma atmosfera mágica, noutras demonstra uma tendência um tanto ou quanto mórbida. Não sou falso puritano; a autora é que exagera sem necessidade.
Talvez a história pudesse ser contada em metade das páginas. Talvez fossem precisas outras 400 para desenvolver e esclarecer a história. Assim é que não está bem!
Mas nem tudo é mau! Como disse, trata-se de uma história criativa, com uma acção bastante original e com muitas surpresas. Existe uma dinâmica capaz de entusiasmar e estimular a leitura da página seguinte. Algumas personagens escapam ao estereótipo e à vulgaridade e revelam-se interessantíssimas, com personalidades e valores admiráveis, seja pela positiva ou não.
Este volume acaba em aberto, por isso pretendo ler o próximo em breve. Agora que alguns conceitos já foram interiorizados, é provável que a leitura seja mais agradável.
 Filha do Sangue de Anne Bishop
Boas Leituras!
Publicado por Fábio J. às 22:09

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